Indonésios querem caso Eldorado na Europa para cobrar R$ 18 bi dos Batista
A Paper Excellence está tentando levar a disputa pela gigante de celulose Eldorado para fora do Brasil e cobrar uma indenização de cerca de R$ 18 bilhões dos irmãos Joesley e Wesley Batista.
Nos últimos dias, a empresa, que pertence ao bilionário indonésio de origem chinesa Jackson Widjaja, solicitou a instauração de uma arbitragem de indenização em Paris contra a J&F, conglomerado que reúne os negócios da família Batista.
A Paper alega que sofreu uma série de prejuízos ao longo dos últimos oito anos, desde que a disputa pelo controle da Eldorado foi instaurada. Entre eles, estariam os dividendos que os Batista recebem pela parte que deveria ser dos chineses no negócio. Também citam as perdas provocadas pelo atraso na expansão do negócio com a construção de uma segunda linha de produção, além dos pagamentos com os advogados envolvidos no litígio.
As perdas totais estão estimadas em US$ 3 bilhões. Com o dólar a mais de R$ 6, o montante ultrapassa os R$ 18 bilhões —valor superior aos R$ 15 bilhões que os chineses se comprometeram a pagar pela totalidade da Eldorado em 2017, quando a aquisição foi selada.
Fontes próximas à Paper dizem que vem se desenhando no Brasil um "cenário de abuso" desde que a empresa venceu a arbitragem, em 2021, com uma série de processos no Judiciário brasileiro postergando a entrega da Eldorado pelos Batista.
Levar o caso para a arbitragem em Paris, portanto, seria uma forma de fugir da influência dos irmãos Joesley e Wesley na Justiça brasileira.
Pela convenção de Nova York, que estabelece as regras globais da arbitragem, qualquer sentença proferida nos países signatários pode ser cobrada em outro Estado membro. Isso significa que, se perderem na França, os Batista podem ser cobrados nos Estados Unidos, onde possuem muitos negócios.
Ainda há dúvidas, no entanto, se a câmara de arbitragem francesa vai aceitar o caso. O resultado do pedido feito pela Paper deve sair nas próximas semanas.
Fontes ligadas à J&F afirmam que o contrato firmado entre as partes estabelece a cidade de São Paulo como sede para arbitragem de qualquer conflito entre as partes.
Procuradas, a Paper Excellence não se manifestou.
Após a publicação da reportagem, a J&F enviou uma nota dizendo que "a Paper Excellence enganou o Supremo Tribunal Federal ao afirmar que estava disposta a negociar um acordo, enquanto ganhava tempo para fugir da jurisdição brasileira".
A holding que representa os Batista diz que "não tem conhecimento dessa nova tentativa de pressão para desistir dos seus direitos e que confia no cumprimento do contrato e no respeito à lei brasileira".
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