Correção do IR é aposta de Lula para ganhar popularidade na classe média
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A correção da tabela do Imposto de Renda (IR) é a aposta de dez entre dez petistas para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "conversar" com a classe média e recuperar a sua popularidade.
A avaliação entre pessoas próximas a Lula é que as tradicionais políticas do PT voltadas para os mais pobres, como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida, já não trazem ganhos políticos ao presidente.
Ninguém mais tem receio de que um candidato de direita acabe com o Bolsa Família, um tema que era uma discussão recorrente em eleições anteriores.
Com a aprovação em baixa, Lula precisa dialogar com a classe média e empreendedora que foi conquistada pela direita e capturada por Jair Bolsonaro em 2018.
Outros presidenciáveis desse espectro podem herdar esse apelo, mesmo com Bolsonaro inelegível. Na eleição para a Prefeitura de São Paulo, o candidato do PRTB, Pablo Marçal, tornou-se um exemplo.
Por isso, a correção da tabela do IR ganhou o apoio de todos os grupos que cercam Lula, que vão desde os partidários de Rui Costa, ministro da Casa Civil, até os de Fernando Haddad, ministro da Fazenda.
A expectativa do PT é que mais medidas voltadas para esse público sejam tomadas nos próximos meses para tentar melhorar as perspectivas de reeleição em 2026.
O problema está no Congresso Nacional, no empresariado e no setor financeiro.
Empresários, banqueiros e deputados com os quais a coluna conversou têm dúvidas sobre a maneira de compensar os R$ 27 bilhões em perdas estimados pelo ministro da Fazenda para cumprir as regras de responsabilidade fiscal.
A conta é salgada. A única maneira encontrada por Haddad é "taxar o andar de cima" —aqueles que ganham acima de R$ 50 mil e recebem sua renda através de dividendos para escapar da "mordida" da Receita Federal.
Especialistas em tributação concordam que o sistema tributário brasileiro é injusto e desigual. Só que o Congresso é formado exatamente pelo grupo social que o governo pretende tributar.
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