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Record é condenada por reportagem errada na morte do ator de Chiquititas
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A Rede Record e o apresentador Luiz Bacci foram condenados a pagar uma indenização de R$ 15 mil a uma mulher que foi alvo de uma reportagem errada no programa Cidade Alerta em junho de 2019.
Após o assassinato do ator Rafael Miguel, de 22 anos, que interpretou o personagem Paçoca na novela Chiquititas, do SBT, o Cidade Alerta exibiu imagens de uma mulher em um posto de gasolina e afirmou que se tratava da irmã do suspeito do crime e que ela estava abastecendo o carro para ajudá-lo a fugir.
A informação não era verdadeira.
"A autora [do processo] não conhece o acusado e muito menos possui vínculo de parentesco com ele. A Record e Bacci ignoraram totalmente a obrigação da imprensa de divulgar a verdade", afirmou à Justiça o advogado Eduardo Ferreira Vale, que representa a mulher. "O fato foi de grande repercussão nacional, e ela sofre até hoje deboche de vizinhos, vindo apontá-la como piloto de fugas de criminosos."
Na defesa apresentada à Justiça, a emissora e o apresentador afirmaram que apenas divulgaram fatos com base em documentos e "imagens fornecidas pelas autoridades policiais e por terceiros".
"Os jornalistas buscaram obter as informações de todas as partes envolvidas antes da divulgação da matéria, razão pela qual se verifica a ausência de conduta dolosa e passível de reprimenda ou indenização", afirmou à Justiça o advogado Leonardo Cordeiro, que representa a emissora e Bacci.
A emissora afirmou também que não causou à mulher "dor, vexame ou humilhação que fugisse à normalidade".
A Justiça não concordou com a argumentação.
O juiz Fabio Junqueira disse que a emissora não comprovou que as imagens e os dados divulgados foram fornecidos pela polícia.
"O modo como a imagem da autora [do processo] foi mostrada supera a intenção de informar, própria da atividade jornalística, e caracteriza lesão grave à honra", declarou na sentença. "O fato, assim, causou evidente sensação de injustiça, além de sentimentos como ansiedade, angústia e tristeza, com evidentes danos à imagem e à reputação."
Bacci e a Record ainda podem recorrer.
O comerciante Paulo Cupertino foi apontado pela polícia como o responsável pela morte do ator e de seus pais, João Miguel e Miriam Miguel. Os três foram baleados na porta da casa do comerciante. Eles teriam ido ao local para conversar com Cupertino sobre o namoro de Rafael Miguel com a filha dele, Isabela Matias.
Cupertino, que ficou três anos foragido até ser preso, será julgado por um júri popular em data ainda não determinada.
Em entrevistas à época da prisão, o comerciante declarou ser inocente.
"Lógico que não matei. A polícia vai saber quem foi."
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