Promotoria defende condenação de jornalista que Zambelli ameaçou com arma
O Ministério Público de São Paulo recomendou à Justiça que o jornalista Luan Araújo seja condenado pelos crimes de injúria e difamação em razão de ofensas que teria cometido contra a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP).
Luan Araújo é o rapaz que, em outubro de 2022, na véspera do segundo turno da eleição presidencial, após uma discussão, foi perseguido sob a mira de uma arma pela deputada na região dos Jardins, em São Paulo.
A ação ocorreu na esquina da rua Joaquim Eugênio de Lima com a alameda Lorena e foi filmada. Ela alegou que havia sido empurrada.
Carla Zambelli foi denunciada pela Procuradoria-Geral da República por porte ilegal de arma e constrangimento ilegal com emprego de arma de fogo.
A deputada, por sua vez, abriu um processo contra o jornalista na Justiça paulista em razão de um artigo que ele publicou após o episódio. No texto, Luan disse que a deputada "segue uma seita de doentes de extrema-direita" e que "segue cometendo atrocidades atrás de atrocidades".
Afirmou ainda que ela se aproveita de toda a cobertura midiática do episódio da véspera da eleição para "fazer o picadeiro clássico de uma extrema-direita mesquinha, maldosa e que é mercadora da morte".
Na ação contra o jornalista, Zambelli disse que as afirmações são ofensivas e irresponsáveis. Declarou ainda que, mesmo "traumatizante, o envolvimento prévio entre as partes [referindo-se à perseguição armada] não garante à suposta vítima um direito imutável de ofender gratuitamente seu suposto ofensor".
Em petição assinada no dia 6 de maio, o promotor Roberto Bacal deu um parecer favorável à condenação do jornalista. Segundo o promotor, "desde o início do desentendimento, houve uma ofensa gratuita e dolosa contra a deputada".
"Ficou patente que, no dia em que ocorreu o desentendimento, a deputada almoçava em um restaurante com seu filho e um amigo e foi avistada pelo querelado. Sem qualquer provocação contra sua pessoa, ele se direcionou à deputada para lhe dirigir ofensas", declarou.
Bacal afirmou também que o jornalista, no texto publicado na sequência, atacou a honra de Zambelli, "com um excesso de linguagem".
O processo ainda não foi julgado.
O que diz o jornalista
Luan Araújo disse à Justiça não ter cometido crime algum. Disse que apenas exerceu seu trabalho profissional, amparado pela liberdade de expressão.
Em relação à discussão na véspera da eleição, declarou em entrevistas que não empurrou a deputada, ao contrário do que ela alega. Disse que a havia xingado ao perceber que pedia voto ao recepcionista de um bar, o que originou uma discussão.
Ele contou que, em dado momento, ouviu um tiro. "Não sei se passou perto da minha perna, mas eu senti a bala chegando. Saí correndo do bar. Fiquei realmente assustado, temendo pela minha vida."
Newsletter
OLHAR APURADO
Uma curadoria diária com as opiniões dos colunistas do UOL sobre os principais assuntos do noticiário.
Quero receberEm nota, a Promotoria afirmou que "em ações que apuram os crimes contra a honra, o Ministério Público atua como fiscal da lei, não como parte do processo. Cabe ao promotor de Justiça, amparado por sua independência funcional, apenas dar seu parecer nesses processos. Foi o que fez o membro do Ministério Público neste caso".
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.