Rogério Gentile

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Golpista engana jovem prometendo futuro no Palmeiras e leva R$ 84 mil

O jovem V. sonhava em ser jogador de futebol profissional, e seu pai postou um vídeo na internet com cenas em que ele atuava em uma partida.

Dias depois, de acordo com denúncia apresentada pelo Ministério Público, ele foi procurado pelo empresário Lucas Jeronymo de Moraes, que dizia ser agente de jogadores.

Lucas, sempre segundo a acusação, afirmou que tinha uma proposta para levar o jovem, então com 18 anos, para um clube de Andorra, na Espanha. A família precisava apenas arcar com as despesas da passagem e do documento de transferência internacional, calculados em R$ 10 mil.

Assim foi feito, e um contrato foi assinado entre no jovem e o empresário.

Posteriormente, o empresário disse ter uma notícia bombástica: "Seu filho vai jogar no Palmeiras!", afirmou.

Ele disse que Leila Pereira, então conselheira do Palmeiras, havia se interessado em contratar o rapaz e que já havia feito uma proposta para ele atuar na equipe.

Tia Leila, como ele se referia à hoje presidente do Palmeiras, teria oferecido oito milhões de euros. Para dar credibilidade ao relato, Lucas enviou à família da vítima fotografias em que ele aparecia ao lado da conselheira e de outras personalidades do mundo esportivo.

A fim de viabilizar o negócio, a família precisava apenas arcar com "os custos da transação em impostos".

O caso ocorreu em 2019 e a família do jovem repassou no total cerca de R$ 84 mil ao empresário.

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Condenado por estelionato

Na semana passada, Lucas foi condenado em segunda instância pela Justiça paulista por estelionato a uma pena de um ano e dois meses de reclusão, mas a punição foi substituída pela prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período, bem como o pagamento de 10 salários-mínimos à vítima. Ele terá ainda de pagar uma multa, em valor a ser calculado.

A desembargadora Gilda Diodatti disse na decisão que o empresário nunca foi credenciado junto à CBF (Confederação Brasileira de Futebol) para atuar com atletas e que o Palmeiras negou qualquer contato com ele ou proposta para a contratação do jovem.

"Nunca houve proposta de nenhum clube", declarou na decisão, ressaltando que Lucas enganou a família "várias vezes".

O empresário ainda pode recorrer da decisão.

Na defesa apresentada à Justiça, ele disse que não houve golpe e que nunca agiu com dolo.

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Afirmou que efetivamente fez a intermediação com os clubes, mas que as primeiras tentativas de colocar o jovem nas equipes não deram certo.

Segundo ele, houve apenas um inadimplemento contratual, e não um golpe.

Disse que milhares de agentes atuam sem cadastro na CBF, e que a família mentiu ao alegar que ele os contatara após a publicação de um vídeo na internet. Lucas declarou que a mãe do jovem o procurou inicialmente quando era presidente de um clube no Paraná.

Segundo sua defesa, não há no inquérito policial nada que aponte a intenção de induzir ou manter o rapaz em erro, mediante o uso de algum meio fraudulento.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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