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Rubens Valente

REPORTAGEM

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Após balanço inflado, nova direção da PF muda coleta de dados e cálculo

Políciais federais durante busca da 72 fase da Lava Jato, que teve como alvos os irmãos Efromovich, donos de estaleiros e da companhia Avianca - Polícia Federal - PF - Divulgação/Polícia Federal
Políciais federais durante busca da 72 fase da Lava Jato, que teve como alvos os irmãos Efromovich, donos de estaleiros e da companhia Avianca - Polícia Federal - PF Imagem: Divulgação/Polícia Federal

Colunista do UOL

31/05/2021 04h00

A nova direção-geral da Polícia Federal decidiu mudar "metodologia de coleta e cálculo das informações" que formam o balanço anual das operações realizadas pela instituição. A alteração foi informada em nota enviada à coluna neste domingo (30).

A PF, que desde abril está sob o comando do delegado Paulo Maiurino, informou que a decisão sobre a mudança do balanço foi tomada no último dia 14 pelo Comitê de Governança da PF, que pautou o tema para a reunião de trabalho naquela data.

Neste domingo, o UOL informou que em 2020 a PF - na época comandada pelo delegado Rolando Souza- inflou seu balanço ao incluir bens e valores que ainda não estão tecnicamente apreendidos em poder da União, mas que foram apenas prometidos em acordos de delação premiada ou ainda estão sendo discutidos em processos judiciais.

Apenas dois casos indicam uma inflação de dados de R$ 3,3 bilhões sobre o balanço total de R$ 10,6 bilhões supostamente "apreendidos" nas operações.

Recorde divulgado com "estardalhaço"

O balanço foi divulgado com estardalhaço pelo governo Bolsonaro como "recorde" entre o final do ano passado e o começo de 2021. O então diretor-geral, Rolando Souza, tomou posse em 2020 após retornar da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), onde era subordinado ao diretor da agência, Alexandre Ramagem, também delegado da PF, que teve sua nomeação para a direção-geral da PF, assinada pelo presidente Jair Bolsonaro, vetada por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal).

Em março passado, na época da direção anterior, depois de procurada várias vezes, a PF confirmou ao UOL que somava os dados de valores e bens que foram alvos de bloqueios judiciais - ou seja, ainda são alvo de discussão judicial e não se sabe se a União de fato tomará posse dos bens e controle dos valores.

Na nota à coluna neste domingo (30), a PF informou, na íntegra:

"Em relação à matéria jornalística veiculada na data de hoje acerca de eventuais inconsistências em dados sobre bens e valores apreendidos em investigações policiais, esclarecemos que a atual administração da Polícia Federal pautou esse tema na última reunião do Comitê de Governança da PF, ocorrida em 14/05, quando se decidiu pelo aperfeiçoamento da metodologia de coleta e cálculo das informações. Com a nova orientação, a PF busca manter a transparência, o que facilita a divulgação de informações mais precisas sobre o alcance da atuação da instituição no combate à criminalidade."