Ministro da Justiça anuncia Paulo Maiurino como diretor-geral da PF
O novo ministro da Justiça e Segurança Pública, delegado Anderson Torres, que tomou posse hoje no lugar de André Mendonça, anunciou o nome de Paulo Maiurino como diretor-geral da Polícia Federal. Maiurino é ex-chefe da segurança do STF (Supremo Tribunal Federal). O anúncio foi feito por meio de uma rede social.
"Agradeço ao dr. Rolando Souza pelo período em que esteve à frente da direção-geral da Polícia Federal. Iniciamos hoje o processo de transição do cargo para o Dr. Paulo Maiurino, a quem desejo felicidades nessa importante função", escreveu o ministro, em seu perfil no Twitter.
Durante cerimônia, que teve com novos ministros mais cedo, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) apoiou as mudanças promovidas por Torres.
"É natural as mudanças. A gente sabe que todas as mudanças que você [ministro Torres] efetuará no seu ministério é para melhor adequá-la aos objetivos que você traçou", disse, em vídeo divulgado pela CNN Brasil.
Segundo fontes da PF ouvidas pelo UOL, a mudança na diretoria-geral já foi prevista quando houve a troca do ministro da Justiça.
Pelo fato de a instituição não ter independência em relação ao Executivo, havia uma reclamação interna da possível troca de chefe a cada alteração no Ministério. Leandro Daiello ficou no cargo seis anos, de 2011 a 2017. Mas, desde sua saída, a Polícia Federal teve quatro diretores em quatro anos: Fernando Segóvia, Rogério Galloro, Maurício Valeixo e Rolando Alexandre.
Quem é o novo diretor-geral da PF
Delegado de Polícia Federal há mais de 22 anos, Paulo Maiurino já foi chefe da segurança do STF na gestão do ministro Dias Toffoli. Ele era assessor especial de Segurança do ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça), Humberto Martins —que preside o Conselho da Justiça Federal. Dentro da polícia, é considerado amigo de Dias Toffoli.
Maiurino cuidou de inquéritos no caso do mensalão. Também atuou na fronteira no Rio Grande do Sul com o Uruguai. "É um delegado experiente e viveu a atividade-fim da polícia", comentou a presidente da Federação Nacional dos Delegados da Polícia Federal, Tânia Fernanda Prado.
Ele atuou na área de segurança para governos de vários partidos. No governo Bolsonaro, é considerado indicação pessoal do ministro Anderson Torres, que, como ele, fez parte da carreira fora da polícia.
No governo de Wilson Witzel (PSC), foi membro do Conselho de Segurança Pública do Rio de Janeiro. No governo de Geraldo Alckmin (PSDB), foi subsecretário de Segurança Pública.
Foi corregedor do Ministério da Justiça nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff (PT). Ele foi chefe do escritório da Interpol no Brasil.
Na gestão Bolsonaro, PF intensifica trocas
A gestão de Jair Bolsonaro intensificou trocas no comando da Polícia Federal, que começaram em 2017. Na gestão de Dilma Rousseff (PT), Leandro Daiello dirigiu a corporação a partir de 2011 e ficou no cargo no governo de Michel Temer (MDB). Só saiu em novembro de 2017, seis anos depois.
Fernando Segovia assumiu e ficou quatro meses no cargo. Rogério Galloro ficou cerca de 9 meses, deixando o posto ao final da gestão Temer.
Com Bolsonaro, Maurício Valeixo ficou no comando da PF enquanto o ministro Sergio Moro esteve à frente da pasta, por 15 meses. Rolando Alexandre assumiu por 12 meses em meio a uma crise do Supremo Tribunal Federal com o presidente e o delegado Alexandre Ramagem.
Agora, Paulo Maiurino assume o posto. O mandato presidencial de Jair Bolsonaro (sem partido) dura mais 20 meses. Mas nada impede, tecnicamente, que Maiurino continue no cargo como ocorreu com Daiello.
Ramagem estava em encontro com Torres
Em maio do ano passado, o presidente Jair Bolsonaro nomeou Rolando Alexandre Souza para o cargo de diretor-geral da PF por ele ser considerado "braço direito" de Alexandre Ramagem, que teve sua posse suspensa pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Ramagem, amigo da família de Bolsonaro, havia sido oficialmente indicado para o cargo antes de Rolando de Souza para substituir Maurício Valeixo, aliado de Sergio Moro.
Nos bastidores, o presidente continuava dizendo que seu desejo era poder ter Ramagem no comando da PF.
Na semana passada, quando Torres foi convidado por Bolsonaro para assumir o Ministério da Justiça, Ramagem participou da reunião.
Ainda não se sabe o destino de Rolando Alexandre. Ele poderia voltar para a Abin, onde trabalhava com Ramagem. Outra possibilidade é ir ao exterior. Os postos em Londres e em Roma devem abrir vaga em breve.
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