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Sob ataque de políticos e militares no governo, olavistas montaram reação

Onyx Lorenzoni visitou Olavo de Carvalho nos EUA em plena crise - Reprodução
Onyx Lorenzoni visitou Olavo de Carvalho nos EUA em plena crise Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

04/02/2020 04h00

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O chamado núcleo duro do bolsonarismo no governo avalia estar sofrendo o que chama de "um ataque especulativo" da área política e dos militares do Planalto.

O núcleo duro do bolsonarismo é composto, basicamente, por seguidores de Olavo de Carvalho, guru dos filhos do presidente Jair Bolsonaro.

Seus integrantes atribuem a intrigas palacianas dos militares e de políticos aliados, com auxílio da mídia, a demissão do ex-secretário de Cultura Roberto Alvim e o enfraquecimento dos ministros Onyx Lorenzoni (Casa Civil) e Abraham Weintraub (Educação).

Os olavistas reagiram e avaliam como uma primeira vitória do grupo a nomeação da atriz Regina Duarte para o comando da Secretaria de Cultura.

Há temores com relação a posições da atriz —de um conservadorismo menos radical do que o do grupo. Mas Regina convidou como sua secretária-adjunta a secretária de Diversidade Cultural do órgão, Janicia Silva.

Conhecida como Reverenda Jane, a pastora evangélica é integrante do grupo olavista.

Com a situação na Secretaria mais ou menos estabilizada, os olavistas agora priorizam a montagem de um cinturão de proteção em torno do ministro da Educação e do chefe da Casa Civil.

Durante suas férias, Onyx fez questão de visitar Olavo de Carvalho nos EUA. Retornou a Brasília no auge das especulações sobre sua saída e foi logo avisando que não pediria demissão.

Weintraub não passa um dia sem um post do deputado Eduardo Bolsonaro elogiando sua pasta, mesmo com todas as críticas à condução do Enem e do Sisu.

Os filhos do presidente são o principal trunfo dos olavistas. Eles têm atuado com afinco para convencer o pai a não demitir os ministros.

Nesta segunda-feira, Weintraub viajou no avião do presidente para a inauguração de uma escola militar em São Paulo.

Julgando-se fortalecido, ou mesmo para dar um sinal aos adversários de que está reagindo, o próprio Onyx veio a público nesta segunda-feira para anunciar que o presidente não irá afastá-lo do cargo.

"Não, na nossa conversa de sábado (1º) eu abordei esse assunto e ele [Bolsonaro] foi muito firme em me dizer não. 'Não quero mudar ninguém, estou satisfeito com o desempenho de todos' ", disse Onyx, em entrevista à Rádio Gaúcha.

Para o núcleo duro do bolsonarismo, os ataques do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ao ministro da Educação, cuja gestão Maia classifica como "desastrosa", só fazem aumentar a probabilidade de ele ficar no cargo. Bolsonaro não gosta de demitir ninguém sob pressão. Muito menos pressão de um desafeto como Rodrigo Maia.

Por enquanto, se fingirá de desentendido. Com juras de amor ao Congresso e ao próprio Maia, sem ceder quanto às pressões.

Mas essa queda-de-braço está longe de chegar ao fim.