O centrão rachou, mas seu fantasma continuará firme na política brasileira
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Mesmo rachado, o centrão não muda: continua em busca da maior expectativa de poder
Eu explico.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que é deputado pelo DEM do Rio de Janeiro, soltou nota afirmando que a saída de seu partido e o MDB do centrão é um fato costumeiro no Congresso, motivado apenas pela distribuição de cargos nas comissões.
Após a instalação da principal comissão —a de Orçamento— os blocos se recompõem, desfazem-se e refazem-se. Nada teria a ver com política.
É o que se chama de uma meia verdade. De fato, a pandemia colocou freio nas sessões presenciais do Congresso e as comissões acabaram não se reunindo. Isso fez o bloco de nove partidos que formam o centrão continuar existindo para além daquele período do início do ano.
Mas o DEM e o MDB não romperam agora porque as comissões teriam voltado a funcionar. Aliás, nem voltaram. O motivo foi político mesmo: Arthur Lira (AL), líder do maior partido do centrão, o PP, resolveu apoiar abertamente o governo e encheu os olhos do presidente Bolsonaro com a possibilidade de fechar acordo com todo o bloco.
O problema é que, até então, o grande líder do centrão era o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. E ele não se dá com o presidente da República.
Bolsonaro já se coloca como candidato à reeleição e Maia é postulante ao cargo. Há até quem diga que está trabalhando uma mudança na Constituição para poder continuar na presidência da Câmara no ano que vem e manter-se com um palanque poderoso.
Lira, para complicar, também pretende se candidatar a presidente da Câmara com o apoio de Bolsonaro.
Com a saída do DEM e do MDB. O bloco de Arthur Lira caiu de cerca de 220 deputados para algo em torno de 150. Juntos, DEM e MDB têm apenas 63. Mas Rodrigo Maia deve tirar do bloco de Lira mais alguns integrantes. E deve manter-se com o apoio de partidos autointitulados "Centro independente", ou "Novo centro". Terá também cerca de 150 deputados.
Assim, os dois centrões que resultaram do racha do centrão, tendem a continuar mandando na Câmara. Caso a maior parte se junte ao governo, sai vitorioso nas votações junto com Bolsonaro. Caso se junte à oposição, a derrota o é do governo.
Foi o que ocorreu agora na votação do Fundeb (Fundo Nacional do Ensino Básico). Mesmo rachado, o centrão acabou cheirando o lado com maior chances e marchou em peso nessa direção. Naquele momento, foi uma goleada contra o governo. Mas nada impede que, no futuro, o centrão vote a favor do Planalto.
E assim irão navegando os partidos e líderes do centrão até as eleições de 2022. Lá, decidem quem tem maior expectativa de poder e escolhem seu lado.
Ouseja, o centrão rachou mas não morreu. Seu espírito continuará vagando, firme e forte, pela política brasileira.
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