Topo

Tales Faria

"Impossível presidente não ter sido informado", diz governador Casagrande

Presidente Jair Bolsonaro e ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello - Adriano Machado
Presidente Jair Bolsonaro e ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello Imagem: Adriano Machado

Chefe da Sucursal de Brasília do UOL

21/10/2020 11h59

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

O blog procurou o governador do Espírito Santo, Renato Gasagrande, para tentar entender por que Bolsonaro resolveu desautorizar seu ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.

Ontem o ministro anunciou, numa reunião com governadores, a compra de 46 milhões de doses da vacina chinesa contra o coronavírus a serem produzidas pelo laboratório Butantan, de São Paulo.

Hoje o presidente disse que não comprará nada, porque não vai fazer dos brasileiros cobaias da vacina.

"E essa confusão com as vacinas? O ministro não tinha combinado com o Bolsonaro?", perguntei ao governador.

Casagrande respondeu:

"Não sabemos, mas ele estava acompanhado de toda a sua equipe, Anvisa, Butantan, Fiocruz, líderes na Câmara, no Senado, no Congresso... Impossível o presidente não ter sido informado antes. Acho que Foi pilhado pela rede social."

De fato, é impossível.

Mas Bolsonaro tem o mau hábito de expor seus subordinados à humilhação pública. Já desautorizou sua secretária de Cultura, a atriz Regina Duarte, e os ministros Sérgio Moro (Justiça) e Paulo Guedes (Economia). Este até hoje no cargo.

Agora repetiu com o ministro da Saúde a atitude que já havia tido com os dois antecessores de Pazuello no cargo, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich. Ambos foram várias vezes desautorizados.

No caso de Pazuello tem um problema adicional: ele é um general. O primeiro dos ministros militares a quem Bolsonaro tentou humilhar foi o então chefe da secretaria de Governo, general Santos Cruz.

Os dois acabaram batendo boca numa reunião fechada no Palácio, em que o ministro acusou o filho do presidente, Carlos Bolsonaro, de fazer intriga contra o governo. Santos Cruz não se dobrou, mas deixou o governo.

Como ocorreu com Santos Cruz, as redes socais é que incendiaram o presidente contra Pazuello. Naquele caso, Carlos Bolsonaro incensou, de fato, os bolsonaristas.

Agora, pelo menos publicamente, Carlos não se manifestou. Mas os bolsonaristas de raiz já andavam bastante irritados por conta da aproximação entre Bolsonaro e o Centrão e de seu rompimento com a Lava Jato.

Os bolsonaristas fizeram tantos comentários contra a compra da vacina anunciada pelo ministro nas redes sociais que o presidente resolveu responder pessoalmente negando a concretização do negócio.

Puxou a escada e deixou o ministro pendurado no pincel.