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Tales Faria

Centrão quer demissão de Bento Albuquerque e reforma ministerial

Chefe da Sucursal de Brasília do UOL

19/11/2020 14h34

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Passadas as eleições municipais, a grande prioridade do governo será a aprovação dos projetos de ajuste fiscal. Em meio à crise provocada pelos apagões no Amapá, o ministro das Minas e Energia, almirante de esquadra Bento Albuquerque, se tornou a bola da vez.

Sua cabeça e seu cargo estão sendo cobrados pelo centrão como forma de deflagrar uma reforma ministerial que estimule a base governista no Congresso a votar.

A demissão de Bento Albuquerque, segundo os conselheiros do presidente, seria um gesto do Planalto para apontar o fortalecimento do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) — cujo irmão, Josiel Alcolumbre (DEM), corre o risco de perder as eleições para prefeito de Macapá.

Alcolumbre está irritadíssimo com a confusão provocada pelos apagões em seu estado. Lá, seu principal cacife eleitoral é a demonstração de poder junto ao governo federal. E os apagões revelaram que, no fundamental, o Amapá foi deixado de lado.

Além de arrefecer a ira de Alcolumbre, a saída de Bento Albuquerque abriria a vaga para uma indicação do centrão e até para a mexida mais ampla no tabuleiro da Esplanada dos Ministérios.

Por exemplo: seu lugar poderia abrigar o atual ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Ele também sob o fogo dos partidos e até dos militares no governo.

O centrão gostaria de ficar com as vagas dos dois, Ricardo Salles e Bento Albuquerque. Mas Bolsonaro resiste a demitir o ministro do Meio Ambiente, que tem o apoio dos bolsonaristas de raiz. Inclui-se aí os filhos do presidente Carlos Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro.

Transferir Salles para outra vaga é a solução mais aceitável. Por isso, sobrou para Bento Albuquerque, no momento, a posição de maior fragilidade.

Mas há outro ministro ainda na linha de tiro: Ernesto Araújo, das Relações Exteriores. Nesse caso, menos por pressão do centrão e mais porque sua permanência pode dificultar os negócios do Brasil com os Estados Unidos agora que Joe Biden foi eleito presidente.

A reforma ministerial tem o apoio dos líderes parlamentares do governo e de dois ministros que são desafetos entre si: o da Economia, Paulo Guedes, e o do Desenvolvimento Regional, Rogerio Marinho.

Guedes, porque está aceitando tudo que possa ajudar a aprovar os projetos de interesse da área econômica, hoje empacados no Congresso. Também aceita tudo que possa ser bem recebido pelo mercado e acalmar os ânimos dos chamados agentes econômicos.

Marinho, porque vê no fortalecimento do centrão seu próprio fortalecimento no embate com a área econômica.

E quanto aos líderes governistas? Bem, estes porque são do centrão mesmo. Eles é que acabarão indicando novos ministros se houver reforma ministerial. Quanto mais ampla, melhor.