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"Não há guerra, somos um time aprendendo a jogar juntos", diz Paulo Guedes
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O ministro da Economia, Paulo Guedes, nega que esteja em rota de colisão com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), por causa do Orçamento de 2021 aprovado na semana passada pelo Congresso. Em conversa com a coluna ele afirmou:
"Não há guerra. Na verdade, pela primeira vez, governo e sua base no Congresso estão elaborando o Orçamento em conjunto. Antes, o governo não tinha realmente uma base de sustentação entre os congressistas. Agora formamos um time com o mesmo objetivo, mas um time que está jogando junto pela primeira vez. Estamos ainda nos acostumando ao esquema tático. Todos os jogadores ainda estão errando aqui e ali. Só isso."
Perguntado sobre as versões que saem do governo e dos governistas, segundo as quais até o presidente Jair Bolsonaro estaria insatisfeito com a política econômica, Guedes responde:
"É claro que ele não está satisfeito, nem eu. Mas o presidente sabe que a situação seria pior se eu não estivesse aqui. Nós nos entendemos. Eu foco na questão fiscal, técnica, e ele, na questão política. Na cúpula do governo, todos sabemos que sempre haverá visões diferentes, mas que um lado precisa comportar o outro. A turma mais abaixo pensa que isso significa guerra."
Guedes reafirma que o Orçamento de 2021, como foi aprovado pelo Congresso, é inexequível. E que tanto ele como Arthur Lira defendem que é preciso um corte de cerca R$ 5 bilhões nos gastos, além dos R$ 10 bilhões em emendas devolvidos pelo relator, o senador Márcio Bittar (MDB-AC), para fechar as contas.
Mais que isso. O ministro insiste que o presidente Jair Bolsonaro precisará vetar toda a parte de despesas discricionárias que foram subestimadas, para não incorrer em crime de responsabilidade, nem se tonar inelegível.
"Já é ponto pacífico que precisaremos encontrar uma solução para cobrir esses R$ 5 bilhões. O problema é que teremos de acertar as fontes para corrigir a estimativa incorreta das receitas discricionárias. Os acordos terão que caber no Orçamento. Isso, provavelmente, será feito através de um PLN" (Projeto de Lei do Congresso Nacional), afirma.
Sobre a nomeação de Fausto Andrade Ribeiro para o lugar de André Brandão como presidente do Banco do Brasil e o afastamento do presidente da Petrobras, Roberto Castelo Branco, o ministro da Economia diz que nos dois casos Bolsonaro agiu "de acordo com as regras" e não tem do que reclamar.
"Já sabia das substituições há meses. O presidente não estava satisfeito, e é direito dele. No caso do Castelo, ele, na verdade, vinha segurando aumentos no preço dos combustíveis. É claro que, quando soube que ia sair, começou a realinhar os preços com o mercado internacional para ajustar suas obrigações diante dos acionistas. Isso causa esse problema que estamos tendo agora. E só mostra o quanto essas estatais listadas nas bolsas de valores são um bicho estranho", disse Guedes.
O ministro costuma brincar que estatais listadas em bolsa "não são nem tatu, nem cobra, ou seja: nem estatais, nem empresas privadas" e que isso é a origem dos problemas com esse tipo de empresa. Segundo ele, "como estatais, o governo se sente no direito de interferir, mas acabam perdendo a agilidade e a rentabilidade das empresas privadas".
Quanto à nomeação de André Brandão, ele admite que não foi indicação sua, mas que conversou e aprovou o nome do novo presidente do Banco do Brasil. "Já o Castelo, nem era da minha área e eu quem havia indicado. Isso ocorre com normalidade dentro do governo", argumenta.
Paulo Guedes nega que vá deixar o governo e lista os temas aprovados neste ano que não teriam saído do papel se ele pegasse o boné:
"Não teríamos o Banco Central independente, o novo marco fiscal, o marco do saneamento, a Lei do Gás e a autorização para incluir os Correios e a Eletrobras no Plano Nacional de Desestatização. Creio que ainda estou dando muitas contribuições ao país permanecendo aqui."
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