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Tales Faria

REPORTAGEM

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Ex-ministro da Defesa diz que Forças Armadas estão sob ataque de Bolsonaro

Chefe da Sucursal de Brasília do UOL

07/07/2021 12h46

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O ex-ministro da Defesa Raul Jungmann disse em entrevista a este colunista transmitida ao vivo pelo UOL, nesta quarta-feira, 7, que as Forças Armadas brasileiras "estão sob ataque do seu comandante supremo", o presidente da República, Jair Bolsonaro.

Segundo Jungmann o ataque se tornou explícito desde a exoneração "sem explicação razoável" dos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica em março.

Os comandantes militares são subordinados ao ministro da Defesa. No caso, o sucessor de Jungmann no cargo, Fernando Azevedo, cuja demissão provocou o afastamento dos chefes das três forças.

Para Jungmann Bolsonaro provocou as demissões porque os militares não aceitaram endossar se envolver na política e endossar as hostilidades do presidente contra o Legislativo e o Judiciário.

Jungmann diz que os militares não aceitarão participar de "aventuras fora da Constituição". Mas, ainda com trânsito entre seus antigos subordinados, o ex-ministro diz que é "evidente o constrangimento" diante do envolvimento de oficiais nas denúncias que cercam o Ministério da Saúde.

Para ele, foi um erro não ter havido punição à participação do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, em palanque, num ato político do presidente da República no Rio de Janeiro.

Jungmann disse ter sido informado de que o Alto Comando do Exército era a favor da punição do ex-ministro, mas o comandante do Exército optou pela não punição para evitar uma crise com o presidente da República.

Ele se manifestou contra o decreto 10.727 recentemente assinado pelo presidente e que liberou a participação de militares da ativa em cargos de natureza civil do governo federal.

Segundo o ex-ministro "já passa da hora" de o Congresso "assumir suas responsabilidades" e regulamentar a limitação à participação de militares da ativa em cargos no governo.

Jungmann diz temer pelo quadro política em 2022, caso Bolsonaro não se reeleja e afirme que a eleição foi fraudada. Ele lembrou da rebelião de policiais militares no Ceará, no ano passado, e da reação desproporcional da PM a uma manifestação no Recife neste ano.

O ex-ministro citou as manifestações deste final de semana, com atos de vandalismo e enfrentamento entre policiais e civis. Disse que a tendência é que as manifestações aumentem à medida que a pandemia comece a ser controlada e que teme as consequências desse quadro, diante ads atitudes do presidente da República.