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Bolsonaro foi pressionado a não dar superpoderes a Ciro, mas centrão venceu
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Até os últimos momentos do encontro do presidente Jair Bolsonaro com Ciro Nogueira, nesta manhã, o presidente da República foi pressionado por bolsonaristas e aliados da caserna a não entregar ao senador e presidente nacional do PP a chefia da Casa Civil.
Ciro comanda o maior partido do centrão, agrupamento de siglas que dá sustentação ao governo no Congresso e que, simplesmente, não aceitou o recuo do Planalto.
A ascensão de Ciro e do centrão no governo conseguiu reunir bolsonaristas de raiz e militares do Planalto, que até então andavam às turras por espaços no governo. Os dois grupos defendiam que não fosse desalojado do cargo o atual chefe da Casa Civil, general Luiz Eduardo Ramos. Temem o fortalecimento excessivo do centrão. Queriam que Ciro Nogueira ficasse com a chefia da Secretaria Geral da Presidência, cargo ocupado por Onyx Lorenzoni.
Bolsonaro chegou a cogitar da mudança de rota, e fez chegar a ao senador a ideia. Mas Ciro, com o apoio dos demais integrantes da cúpula do centrão, não aceitou. Deixou claro a interlocutores que já havia sido convidado para a Casa Civil e que um recuo agora seria visto como uma primeira derrota antes mesmo de assumir.
Ciro devolveu o recado dizendo que só teria condições de "ajudar o presidente" se tivesse o controle de toda a distribuição de cargos e emendas orçamentárias distribuídas pelo governo, o que é uma atribuição da Casa Civil. Ficou com o cargo, e Ramos é quem vai para a Secretaria Geral.
A Casa Civil faz a ligação do Palácio do Planalto com todos os órgãos subordinados ao presidente. Com Ciro na Secretaria Geral, os bolsonaristas de raiz e os militares pretendiam que ele cuidasse apenas da relação com o Congresso.
Agora, na prática, o presidente nacional do PP ganhou superpoderes que o habilitam, inclusive, a bater de frente com o ministro da Economia, Paulo Guedes, na discussão de projetos de interesse da equipe econômica em tramitação no Congresso.
O antigo "posto Ipiranga" do Planalto, por onde tudo no governo passaria, está perdendo poderes nessa reforma ministerial, sendo obrigado até mesmo a entregar um pedaço de sua pasta para a criação do Ministério do Emprego e da Previdência, a ser comandado por Onyx Lorenzoni.
A todos que o pressionaram, Bolsonaro repetia o mantra de que não tem outra opção se não ceder ao centrão. Acossado pela CPI da Covid no Senado, pela inflação crescente, o desemprego e a pandemia do coronavírus ainda fora de controle, só resta ao presidente blindar-se no Congresso contra um eventual processo de impeachment.
Há 127 pedidos de afastamento do presidente, cujo início da tramitação depende de outro integrante da cúpula do PP, o presidente da Câmara, Arthur Lira (AL). Sem o PP e o centrão, Bolsonaro correria sério risco de ver seu mandato naufragar.
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