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Tales Faria

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

O que pensa Flávio Bolsonaro sobre a rachadinha de Davi Alcolumbre?

Chefe da Sucursal de Brasília do UOL

30/10/2021 12h00

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O Brasil não é para principiantes. Na semana em que o presidente da República abandonou uma entrevista —porque lhe perguntaram se quem se beneficia de rachadinhas deve ser preso—, eis que aparece uma denúncia de rachadinha contra o mais novo adversário de Jair Bolsonaro, o senador Davi Alcolumbre.

Vale recapitular:

  • 1) - rachadinha é como se passou a chamar um esquema protagonizado por alguns políticos em que eles ficam com parte dos salários de funcionários não concursados que têm direito a contratar para seus gabinetes e que são pagos pelo poder público;
  • 2) - o presidente se irritou porque seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, está sendo acusado de comandar um esquema de desvio de parte dos salários de funcionários do seu gabinete quando deputado estadual no Rio de Janeiro;
  • 3) - presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, Alcolumbre, segundo os bolsonaristas, por conta de algum pedido não atendido pelo Planalto, passou a protelar a sabatina de André Mendonça, indicado por Bolsonaro para ministro do Supremo Tribunal Federal;
  • 4) - Alcolumbre --segundo a revista Veja pulicou nesta sexta-feira-- também se beneficiou de um esquema de rachadinha dos salários de funcionárias de seu gabinete;
  • 5) - em nota divulgada após a publicação da reportagem, Alcolumbre sugere que a acusação é fruto de perseguição promovida por seguidores do presidente Jair Bolsonaro, de quem foi aliado quando presidente do Senado.

Moral da história, o mesmo machado bolsonarista que teria rachado os salários dos funcionários de Flávio Bolsonaro no Rio de Janeiro pode ter promovido essa rachadinha nos salários das funcionárias de Alcolumbre.

Mas o curioso dessa história é que os bolsonaristas que tentaram minimizar a prática de rachadinha de salários que teria beneficiado o filho do presidente na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, agora chicoteiam o antigo aliado Alcolumbre pela suspeita de ter cometido o mesmo pecado.

Pecado não. Vamos falar sério: são salários de funcionários pagos com verba pública. É apropriação de verba pública. No fim das contas, um roubo.

Sinceramente, eu gostaria que, em vez de fugir da entrevista no programa Pânico, Bolsonaro tivesse respondido: o que ele pensa, de fato, a respeito das rachadinhas. Quem pratica merece prisão?