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Tales Faria

REPORTAGEM

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Com Braga Netto em campanha, Bolsonaro rechaça candidatos do centrão a vice

Bolsonaro conversa com ministro da Defesa, Walter Braga Netto, durante passagem de desfile de tanques em blindados por Brasília   - ANTONIO MOLINA/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
Bolsonaro conversa com ministro da Defesa, Walter Braga Netto, durante passagem de desfile de tanques em blindados por Brasília Imagem: ANTONIO MOLINA/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

Chefe da Sucursal de Brasília do UOL

14/03/2022 13h59

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O presidente Jair Bolsonaro resolveu rechaçar as pressões do centrão para entregar ao partido a vaga de vice em sua chapa pela reeleição. Nos bastidores do governo, já se dá como certo que o posto será do ministro da Defesa, general Braga Netto.

A verdade é que Braga Netto está em plena campanha nos bastidores do Planalto para ser ungido pelo presidente. E parece ter a preferência do chefe. Enfraquecido junto à opinião pública, Bolsonaro vê no general subordinado uma chave para blindá-lo junto ao militares.

No mínimo para lançar temores nos adversários de que, se não for reeleito em outubro, poderá tentar dar um golpe de Estado, com o apoio de integrantes da caserna, especialmente aqueles a quem ungiu com cargos e verbas durante seu governo.

Quanto ao centrão, Bolsonaro continua querendo e precisando do apoio do grupo no Congresso. Principal partido do centrão, o PP tem tentado dois nomes para o a vaga de vice na chapa de Bolsonaro.

O ideal para o partido seria colocar lá o chefe da Casa Civil do Planalto, ministro Ciro Nogueira, que é presidente nacional da sigla. Mas também deixou no tabuleiro um nome mais palatável, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina (PP-MS).

Bolsonaro, no entanto, tem descartado os dois nomes. Acha que seria dar poder demais ao partido que já comanda o Congresso. Ficaria uma situação semelhante à da ex-presidente Dilma Rousseff.

A petista tinha como vice Michel Temer, que também presidia o MDB, partido que então integrava o centrão e era a grande força do Congresso. Quando Dilma se enfraqueceu, abriu o apetite do MDB pelo impeachment. Ela foi afastada e o vive, Michel Temer, assumiu o comando do governo.

O que Bolsonaro não vê é que também corre risco ao ter como vice um general que, como ministro da Defesa, terá acabado de sair do comando de todas as três Forças Armadas.

O presidente adora se mostrar autoritário e com total controle sobre os subordinados. Mas, se não conseguir melhorar o governo num eventual segundo mandato - como ocorreu com Dilma - pode acabar ameaçado pelo impeachment novamente.

Nesse caso, só teria como salvação se deixar tutelar pelos militares, entregando, na prática, o comando do eventual segundo governo ao general.

Braga Netto, por sua vez, está empolgado com a possibilidade de ser vice. Tanto que procurou o atual ocupante do posto, Hamilton Mourão, para saber se contaria com sua aprovação ou se haveria algum mal estar entre os dois.

Mourão declarou ao site Metrópoles que não via problema, abrindo espaço para o companheiro de caserna continuar em campanha.