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Tales Faria

REPORTAGEM

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Líder do PT ameaça iniciar PEC da Transição pela Câmara e não pelo Senado

Reunião do Conselho Político do governo de transição no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Foto: Antonio Cruz/ABr - Reunião do Conselho Político do governo de transição no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Foto: Antonio Cruz/ABr
Reunião do Conselho Político do governo de transição no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Foto: Antonio Cruz/ABr Imagem: Reunião do Conselho Político do governo de transição no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Foto: Antonio Cruz/ABr

Colunista do UOL

23/11/2022 18h27

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Na reunião do Conselho Político da equipe de transição do governo, nesta quarta-feira, 23, o líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes (MG), ameaçou tirar dos senadores e iniciar pela Câmara a tramitação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da Transição.

"Se continuarmos tendo problema, talvez seja melhor iniciar pela Câmara a tramitação da PEC", disse o deputado.

O pano de fundo de sua argumentação é de que o presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), já garantiu ao PT tramitação rápida para o projeto.

Os senadores presentes viram na ameaça uma tentativa dos deputados de misturar a votação do projeto com o apoio do governo à recondução de Lira ao comando da Câmara em 2023.

"Não vejo problema. Se assim quiserem, talvez até seja melhor", respondeu ironicamente o líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM), com o apoio do senador Renan Calheiros (AL), que se opõem à necessidade de aprovação de uma PEC para o pagamento do Bolsa Família de R$ 600 durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Para os senadores, os deputados petistas já estão engajados na candidatura de Lira à reeleição por também terem se beneficiado do Orçamento secreto. Aliás o tema do Orçamento secreto foi levantado na reunião pelo líder do PSB na Câmara, Bira do Pindaré (MA). Seu partido também está praticamente fechado com a reeleição de Lira.

"A PEC está imbricada com muita coisa, inclusive a liberação das emendas de relator", argumentou no sentido de que deveria ser pensada uma forma de também liberar uma parcela do Orçamento secreto (também chamado de emendas de relator) contingenciado pelo Ministério da Economia.

Pouco depois da reunião, ainda nesta quarta-feira, a Comissão Mista de Orçamento (CMO) aprovou um projeto que abre a possibilidade de serem pagos ainda neste ano R$ 8 bilhões em verbas do orçamento secreto bloqueados pelo governo, conforme articulado por Lira.

De fato o deputado do PSB tem razão, há muita coisa "imbricada" com a votação da PEC e que ameaça sua aprovação pelo Congresso. A começar pela eleição dos novos presidentes da Câmara e do Senado em 2023, assim como a formação da base de apoio ao futuro governo, o papel do centrão e as disputas e as disputas internas do PT.

Mas o pior de tudo no momento é o fato de o presidente eleito, Lula, estar convalescendo de uma operação na garganta e sem poder falar.

"O presidente está governando como o Jânio Quadros",brinca Renan Calheiros, citando o ex-presidente que tinha como marca distribuir bilhetes aos subordinados. Renan ressente-se do fato de Lula não poder participar ativamente das articulações políticas.