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Tales Faria

REPORTAGEM

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Para o Planalto, novo comandante do Exército porá fim a insubordinações

Colunista do UOL

21/01/2023 15h26

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Temos que admitir que a tentativa de golpe do dia 8 de janeiro entrará para a história do Brasil. Será um marco infeliz da nossa jovem democracia. Mas a quebradeira nas sedes dos três poderes da República também resultou em outro marco histórico. Desta vez positivo.

Trata-se do discurso do general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva como comandante militar do Sudeste, que ocorreu na quarta-feira, durante uma cerimônia no QGI (Quartel-General Integrado), na cidade de São Paulo.

Sua fala colocou um ponto final nas manifestações dos bolsonaristas golpistas contra a eleição presidencial de 2022, estancou a inércia da ala pensante do Exército, paralisada pelos quatro anos de gestão de Jair Bolsonaro à frente do Palácio do Planalto, e serviu para ungir o próprio general a comandante geral do Exército.

Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva falou durante um evento realizado em homenagem aos militares mortos em 12 de janeiro de 2010 durante um terremoto no Haiti.

O general disse que a "democracia pressupõe liberdade, garantias individuais [...] e alternância do poder", devendo a instituição e seus membros "respeitar o resultado da urna [...] mesmo que a gente não goste". Não citou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nem o ex-presidente Jair Bolsonaro. Mas insistiu: "Não interessa quem está no comando, a gente vai cumprir a missão do mesmo jeito."

Em tempos de crise na hierarquia militar, especialmente no Exército, por conta do envolvimento de generais na política e em cargos do poder Executivo, suas palavras caíram como uma luva sobre a necessidade do presidente Lula de colocar um ponto final nos episódios de insubordinação.

Na avaliação do Palácio do Planalto, em seu discurso o general mostrou disposição de debelar a crise com pulso forte, colocando um ponto final na indecisão da ala profissional dos militares de enfrentar os bolsonaristas.

Leia trechos da fala do comandante militar do Sudeste:

"Então, ser militar é isso. É ser profissional. É respeitar a hierarquia e disciplina. É ser coeso. É ser íntegro. É ter espírito de corpo. É defender a pátria. É ser uma instituição de Estado. Apolítica, apartidária. Não interessa quem está no comando: a gente vai cumprir a missão do mesmo jeito. Isso é ser militar. É não ter corrente."

"Então, essa é a mensagem que eu tenho e que eu quero trazer para vocês. No que pese turbilhão, terremotos, tsunamis, nós vamos continuar ímpetos, coesos, respeitosos e garantindo a nossa democracia. Porque democracia pressupõe liberdade, garantias individuais, políticas públicas e, também, é o regime do povo, alternância do poder. É o voto."

"E quando a gente vota, tem que respeitar o resultado da urna. Não interessa. Tem que respeitar. É isso que se faz. Essa é a convicção que a gente tem que ter. Mesmo que a gente não goste. Nem sempre a gente gosta. Nem sempre é o que a gente queria. Não interessa. Esse é o papel de quem é instituição de Estado. Instituição que respeita os valores da pátria, como de Estado."