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Tales Faria

REPORTAGEM

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Projeto megalomaníaco do bilionário Musk não foi o primeiro na Amazônia

Colunista do UOL

05/06/2023 12h19Atualizada em 05/06/2023 17h26

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Não é de hoje que bilionários estrangeiros, como Elon Musk, têm olho grande na Amazônia. No caso dessas figuras, também não há uma preocupação tão grande com o meio ambiente amazônico quanto seus governos cobram do Brasil.

Outro que apareceu por aqui com um projeto megalomaníaco que não deu certo foi o norte-americano Daniel Keith Ludwig, nos anos 1960.

Antes dele, o lendário Henry Ford, fundador da Ford Veículos e criador das linhas de montagem, chegou construir, na década de 1920, uma cidade industrial na Amazônia rodeada de plantações de seringueiras destinadas a abastecer suas fábricas de automóveis nos EUA.

Era a Fordlândia, a 300 km de Santarém, no oeste do Pará. Tratava-se de um projeto ambicioso que consumiu investimentos gigantescos e acabou não dando certo.

Daniel Ludwig e Henry Ford quiseram substituir a selva pela monocultura e não trabalhar com a floresta, mas contra ela, com o objetivo de mecanizá-la.

Ludwig simplesmente trouxe uma fábrica de celulose inteira do Japão para ser montada na Amazônia. Era o chamado Projeto Jari. Mais um projeto megalomaníaco de um bilionário estrangeiro em nossas terras amazônicas.

Ludwig deu com os burros n'água, e sua propriedade foi passando de mão em mão, de prejuízo em prejuízo, sem produzir grandes coisas.

Hoje transformado, o Projeto Jari acumula dívidas de cerca de R$ 1 bilhão e deixou como herança a maior favela fluvial do mundo, chamada Laranjal do Jari, de palafitas nas margens do rio Jari.

A diferença de Daniel Ludwig e Henry Ford para Elon Musk é que os dois ainda pretendiam — bem ou mal — produzir algo por aqui. Se dessem certo, trariam alguma riqueza e empregos.

Elon Musk, ao que parece, foi só um gesto de esperteza para vender seus produtos na Amazônia, usar umas poucas - pouquíssimas - escolas como marketing e arrancar nosso dinheiro.

Promovendo ainda meios de comunicação para a exploração do garimpo ilegal. Aliás, foi aí que ele se associou ao então presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), quando veio ao Brasil divulgar seu projeto

https://youtu.be/SIDGHRrLbXY