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Thaís Oyama

Fala no Alvorada mostra um Bolsonaro acuado

O presidente Jair Bolsonaro: ultimato ou blefe de alguém encurralado? - Andre Borges/NurPhoto via Getty Images
O presidente Jair Bolsonaro: ultimato ou blefe de alguém encurralado? Imagem: Andre Borges/NurPhoto via Getty Images

Colunista do UOL

28/05/2020 11h26

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Jair Bolsonaro trovejou, ameaçou e decretou que "dias como ontem não voltarão a acontecer. Acabou, porra".

Mas também disse que está "disposto a conversar", falou em "busca pelo entendimento" e pediu "pelo amor de Deus" para que os juízes "reflitam" e "não prossigam nesse tipo de inquérito".

A ciclotimia do presidente no pronunciamento de 20 minutos faz sentido — é o discurso de alguém que ameaça porque se sente acuado.

Jair Bolsonaro sabe que o inquérito das fake news, que o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes associou de forma explícita ao Gabinete do Ódio, a seguir pelo mesmo trilho só pode estacionar na porta do Palácio do Planalto. É lá que, segundo depoimentos de parlamentares, o tal gabinete está assentado, sob o comando do filho 02 do presidente.

Bolsonaro também já foi alertado de que o inquérito relatado por Moraes — que ele e seus aliados apoiaram apesar do vício de origem e agora condenam pelo mesmo vício— poderá anabolizar ações que correm no Tribunal Superior Eleitoral e que relacionam a chapa eleitoral por ele encabeçada em 2018 a crimes do mundo digital.

Ontem, e não por coincidência, o novo presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, prometeu retomar o julgamento de uma dessas ações "em até três semanas".

Bolsonaro está com medo. Seu "ultimato" na porta do Alvorada pode ser tanto um blefe que visa a própria defesa como o prenúncio de um ataque, do tipo que parte de animais acuados.