O que a briga em torno do vídeo de Mario Frias diz sobre o Brasil
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O fato de um vídeo apenas ridículo —gravado, estrelado e divulgado pelo secretário de Cultura, Mario Frias— ter rachado o Twitter durante todo o fim de semana mostra quão inflamáveis andam os ânimos nas redes sociais.
Tudo vira um Fla x Flu com direito a xingamento de mães.
No livro "Why we're polarized" ("Por que polarizamos", em tradução livre), o jornalista Ezra Klein junta episódios da política americana a experimentos clássicos da psicologia de grupo para mostrar que os seres humanos não resistem em dividir o mundo entre "nós" e "eles".
E uma vez estabelecida essa divisão, "nós" fazemos de tudo para favorecer os nossos e desfavorecer os outros ("eles").
O mais curioso é que, para esse mecanismo funcionar, não é necessário que haja uma convicção em jogo.
A satisfação de "pertencer" a um grupo é suficiente para que "nós" avancemos contra "eles" sem motivo ou a pretexto de QUALQUER coisa — o que, no Brasil, inclui a discussão sobre a adoção da cloroquina no combate à covid-19, os efeitos do aquecimento global e, mais recentemente, a eficácia da vacina contra o coronavírus e o uso de bermudas justas pelo público masculino.
Postar-se ferozmente de um lado da "discussão" mostra a que turma o cidadão pertence - e serve de atestado de lealdade para com o grupo que o abriga.
Pesquisa Exame/Ideia divulgada na quinta-feira apontou a vitória de Jair Bolsonaro sobre todos os seus potenciais rivais caso a eleição fosse hoje. Ela trouxe outros dados interessantes.
Entre eles: subiu o número de brasileiros que considera o desempenho do governo federal "ótimo ou bom".
E aumentou também o número dos que o avaliam como "ruim e péssimo".
O que encolheu foi a quantidade de pessoas que classificam o governo como "regular". Isso mostra que a polarização no Brasil ainda está longe de bater no teto.
Coitadas das mães brasileiras.
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