Bolsonaro e Severino, o rei do baixo clero, teriam algo em comum?
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
O presidente Jair Bolsonaro e seus filhos abasteceram suas campanhas eleitorais com dinheiro vivo doado por eles para eles mesmos, revelou reportagem da Folha de S Paulo. Entre 2008 e 2014, as notas somaram 163 mil reais em valores corrigidos pela inflação.
Tanto Jair Bolsonaro pai, quanto Flávio e Carlos Bolsonaro, filhos, são suspeitos de terem aderido à prática da rachadinha: desvio, na direção do próprio bolso, de dinheiro público destinado a pagar funcionários de gabinetes.
Bolsonaro se jactou a vida toda de nunca ter aceitado dinheiro de empresários para suas campanhas. É verdade. O cheque de 200 mil reais que ele devolveu em 2014 ao seu partido na ocasião, o PP, assim que foi informado se tratar de dinheiro da JBS, por muito tempo foi usado pelo ex-capitão como um atestado de lisura.
Bolsonaro foi eleito com fama de honesto, "incorruptível".
Até hoje, nem as seguidas revelações que apontam para o seu envolvimento e de seus filhos no esquema da rachadinha foram capazes de abalar a fé bolsonarista.
"O PT roubou bilhões", desdenham os seus eleitores, segundo as pesquisas.
Da mesma forma que o ex-capitão, o ex-deputado Severino Cavalcanti, morto neste ano, nunca teve seu nome exposto em lista de propinas de empreiteiras. Nunca se envolveu nos grandes escândalos de corrupção que assolaram o país.
Conhecido como o rei do baixo clero no Congresso, virou presidente da Câmara em 2005 quase por acaso. A visibilidade lhe custou caro.
Poucos meses depois de assumir, foi denunciado por extorquir o dono de um restaurante que operava na Câmara quando era primeiro-secretário da Casa.
Em troca da renovação da concessão do restaurante e da permissão para aumento de preços no cardápio, Severino teria cobrado do empresário 60 mil reais, divididos em parcelas - um "mensalinho".
O deputado renunciou no mesmo ano para não ter o mandato cassado. Processado na Justiça, morreu antes de ser julgado.
Deixou assim, uma dúvida no ar.
Era um homem probo e seu nome esteve ausente dos grandes escândalos por causa de suas convicções éticas e morais à prova, inclusive, das más companhias do Congresso?
Ou será que, sendo o rei do baixo clero tão pequeno e de tão pouca ajuda aos poderosos não era nem sequer por eles procurado e assim optou por montar um esqueminha bem mais modesto como o "mensalinho"?
Mundo vasto mundo. Mensalinho e rachadinha podem ser dois diminutivos, mas nem por isso rimam nem são prova de honestidade.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.