Bolsonaro e Crivella: essa parceria é nota 10
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O presidente Jair Bolsonaro saiu em defesa do ministro do Supremo Tribunal Federal Kassio Nunes Marques.
Ontem, seu apadrinhado no STF foi espinafrado pelo mundo jurídico e nas redes sociais por tentar extinguir com uma canetada o que o plenário do Supremo construiu a duras penas: uma lei que afasta políticos corruptos da política por um bom tempo.
Nunes Marques, o novato que inovou, nas sempre ofídicas palavras do seu colega Marco Aurélio de Mello, deu uma liminar que, na prática, reduz para oito anos o prazo em que criminosos são proibidos de se candidatar.
No caso - improvável— de a decisão de Nunes Marques continuar valendo, vários políticos enrolados na Lava Jato poderão sair do cantinho do pensamento e concorrer a um cargo eletivo já nas eleições de 2022.
"Quem erra tem de pagar, mas não pode pagar ad eternum", disse o presidente Bolsonaro sobre a liminar que, na opinião dele, não tem "nada demais".
"O pessoal fica na maldade", completou.
O pessoal fica na maldade e o presidente Bolsonaro fica cada vez mais crédulo.
Seu aliado, o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, acaba de ser preso numa operação da Polícia Civil que leva o sugestivo nome de "QG da Propina".
Seu filho Eduardo Bolsonaro é alvo de uma apuração preliminar na Procuradoria Geral da República por ter usado 150 mil reais em dinheiro vivo para completar o pagamento de dois apartamentos na Zona Sul do Rio de Janeiro, entre 2011 e 2016, conforme revelou o jornal O Globo.
Seu principal aliado na Câmara, Arthur Lira, réu duas vezes no STF por corrupção e improbidade administrativa, opera a céu aberto no Congresso para viabilizar sua eleição à presidência da Câmara. (E aqui, "operar" significa apenas oferecer cargos e emendas a parlamentares, coisa feita à luz do dia e que exclui o que a vista não alcança).
Continua no ar, para quem quiser ver, o vídeo intitulado "Esta parceria é 10!", em que o presidente pede votos para o agora temporariamente privado de liberdade Marcelo Crivella, cujo partido, o Republicanos, abriga metade do clã Bolsonaro.
Diante disso, é de se perguntar: o presidente da República foi quem saiu em defesa da liminar do ministro Nunes Marques que beneficia corruptos ou foi a liminar do ministro Nunes Marques que pretendeu sair em defesa do presidente e seus aliados?
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