A eleição na Câmara, as cenouras à vista e o medo da traição
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O deputado Baleia Rossi, do MDB, estreia como escolhido de Rodrigo Maia para a disputa pela presidência da Câmara com um gordo bloco de 11 partidos representando 281 parlamentares.
Em tese, Baleia Rossi já estaria eleito. A Câmara tem 513 deputados e bastam 257 votos para um candidato vencer.
As coisas, porém, não funcionam assim, sobretudo porque a votação para presidente da Câmara é secreta e, desse modo, o alinhamento de partidos a um candidato não garante a ele os votos de todos os integrantes das siglas — traições ocorrem.
Dirão alguns: traições podem beneficiar Arthur Lira (PP), o candidato do governo Bolsonaro, mas também podem ser boas para Baleia Rossi, o candidato de Rodrigo Maia ao posto.
A fundamental diferença, no entanto, é que é Arthur Lira — e não Baleia Rossi— o detentor das cenouras que hoje balançam diante dos narizes de deputados do PDT, do PSB e do PSL, todos formalmente no bloco de Maia.
E são essas cenouras — na forma de cargos e emendas que só um candidato do governo pode oferecer— o que têm o condão de fazer um parlamentar comprometido com um candidato apertar a tecla do seu oponente na solidão da votação.
Quanto às cenouras mais vistosas, estas já foram prometidas aos caciques que apoiam Lira e que deverão repartir entre si quatro ministérios: o da Cidadania, o do Turismo, o da Saúde e um quarto que sobrar do remanejamento a ser feito a partir da saída de Jorge Oliveira da Secretaria Geral —Oliveira vai para o Tribunal de Contas da União e seu lugar deverá ser ocupado por alguém já no governo, por sua vez detentor de vaga mais interessante para o apetite dos aliados do que a burocrática e sem verba Secretaria Geral.
É essa a configuração hoje prevista pelo Palácio do Planalto, mas ela pode mudar se, por exemplo, Gilson Machado, o ministro tampão do Turismo que trabalha para virar efetivo, conseguir o suporte de algum partido para se manter no cargo.
Outra possibilidade de alteração é o governo incluir no pacote de ministérios a serem negociados também o de Minas Energia, que desperta intensa salivação do Centrão. Por enquanto, a ideia é manter o seu titular, o almirante Bento Albuquerque, onde está.
"Acordos pragmáticos para governabilidade": assim o Palácio tem chamado o frenético toma lá dá cá em curso, aquele mesmo que o candidato Bolsonaro prometeu acabar.
Traições ocorrem.
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