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Disputa pela presidência do PSDB isola Doria e fortalece Leite para 2022
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Uma jogada precipitada.
Essa foi a avaliação mais benigna feita por tucanos sobre a tentativa do governador de São Paulo, João Doria, de assumir a presidência do PSDB a partir de maio.
A proposta, apresentada por aliados de Doria em jantar no Palácio dos Bandeirantes na segunda-feira, visava a forçar o PSDB a assumir a pré-candidatura do governador à Presidência da República em 2022.
Só que a ideia encontrou mais do que resistências - foi francamente rechaçada pela maior parte dos presentes.
Bruno Araújo, atual presidente do PSDB, e Rodrigo Castro, líder da sigla na Câmara e aliado de Aécio Neves, deixaram claro ao governador que suas ambições não encontrarão eco no partido - a de se tornar presidente do PSDB foi explicitamente rejeitada, mas nas entrelinhas também o projeto de Doria de ser o candidato tucano à Presidência da República acabou torpedeado.
Araújo integra a ala mais jovem do PSDB, a dos chamados "cabeças pretas". A maior parte dessa ala defende lançar para 2022 o nome do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. O projeto conta com o apoio de representantes da ala histórica do PSDB, como o senador Tasso Jereissati e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
O raciocínio é de que as duas vagas para o segundo turno das eleições presidenciais já estão preenchidas: uma é do presidente Jair Bolsonaro e a outra, do PT.
O PSDB já se colocaria no páreo com pouca ou nenhuma chance, de modo que, do ponto de vista do resultado, tanto faz entrar com um nome "nacionalizado", como o de Doria, ou um pouco conhecido, como o do jovem governador do Rio Grande do Sul.
Doria tem vantagens sobre Eduardo Leite: ganhou projeção nacional com a boa performance na gestão estadual da pandemia e firmou-se como um claro antagonista do presidente Bolsonaro — inclusive graças à "propaganda" feita pelo próprio, incansável nas críticas ao "calça apertada", como chama o tucano.
Internamente, porém, o governador de São Paulo é visto em seu partido como alguém impulsivo, pouco agregador e desprovido de habilidade política.
Eduardo Leite, cuja gestão no Rio Grande do Sul tem sido bem avaliada, seria para o PSDB uma opção de investimento de longo prazo.
O governador gaúcho não teria chances de vitória em 2022, mas poderia pavimentar um caminho para a retomada de protagonismo dos tucanos no futuro e, desde já, sinalizar a renovação e unificação do partido, atualmente cindido pela eleição do comando da Câmara (metade da bancada tucana cerrou fileiras com o candidato do presidente Jair Bolsonaro, Arthur Lira, líder do Centrão).
Há uma outra hipótese, porém.
Dentro e fora do PSDB, observadores apostam que o atual entusiasmo expresso por alguns tucanos pelo nome de Leite como candidato da sigla em 2022 não passa de um biombo destinado a camuflar a intenção de tirar o governador Doria da jogada - e, claro, do partido também.
Por esse raciocínio, Leite ficaria esquentando a cadeira de pré-candidato só até o momento em que outro se decidisse a ocupar o lugar, como representante do PSDB ou de uma frente ampla de centro-direita.
No coração de Fernando Henrique Cardoso, e outros caciques do partido, o nome do apresentador Luciano Huck para ocupante da cadeira é o que continua batendo mais forte.
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