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Thaís Oyama

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

"Jegues e chupão na barriga": as digitais de Carlos Bolsonaro no governo

Carlos Bolsonaro: influência sobre decisões na comunicação do governo e no que mais? - Reprodução / Internet
Carlos Bolsonaro: influência sobre decisões na comunicação do governo e no que mais? Imagem: Reprodução / Internet

Colunista do UOL

14/05/2021 11h44

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Carlos Bolsonaro deu outra vez o ar da graça na conta oficial de Twitter de seu pai.

O resumo da "pauta" da live protagonizada ontem por Jair Bolsonaro trazia o indefectível estilo narrativo do vereador pelo Rio de Janeiro.

Quem se der ao trabalho de assistir à transmissão verá que o primeiro item da lista — "jegues, jumentos e leitões" —é uma referência às falas jocosas do presidente sobre repórteres em geral e integrantes da família do jornalista Matheus Leitão em especial.

A segunda linha, "Chupão na Barriga", é uma alusão a um episódio ocorrido em 2013, quando Jair Bolsonaro, então deputado federal pelo PP, chegou às vias de fato com o já senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que acusou o ex-capitão de desferir-lhe um soco no estômago.

Bolsonaro, ao eximir-se de culpa pelo hematoma exibido pelo senador, disse que ele deveria ser consequência de um "chupão na barriga".

Recentemente, o termo passou a ser usado por Carlos Bolsonaro em suas postagens nas redes sociais para se referir a Rodrigues, hoje vice-presidente da CPI da Covid e também criticado na live de ontem por Bolsonaro (que não mencionou a expressão adotada pelo filho).

A presença de termos como jegues, jumentos e chupões na barriga na conta oficial de um presidente da República no Twitter não é um fato corriqueiro.

É um evento raro e talvez mesmo inédito nas democracias ocidentais.

Ele faz lembrar alguns aspectos do governo Bolsonaro cujo impacto o curso de dois anos de gestão cuidaram de amortecer.

O primeiro é que o exercício da Presidência não elevou o ex-capitão; antes o ex-capitão rebaixou a instituição aos seus maus modos.

O segundo é que o presidente Jair Bolsonaro continua deixando a cargo de seu filho psiquicamente instável tarefas que exigem responsabilidades à altura de adultos equilibrados.

Comunicar ações da presidência à população é uma delas.

Decidir sobre a compra de vacinas na pior pandemia da história do país seria outra?

A possível convocação de Carlos Bolsonaro à CPI da Covid ajudará a revelar quão longe Jair Bolsonaro foi na sua irresponsabilidade.