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Thaís Oyama

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Nervoso, Pazuello já teme abandono e é aconselhado a ir fardado à CPI

Análise: Pandemia e Pazuello derrubam imagem dos militares - ADRIANO MACHADO
Análise: Pandemia e Pazuello derrubam imagem dos militares Imagem: ADRIANO MACHADO

Colunista do UOL

06/05/2021 11h22

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O general Eduardo Pazuello receia acabar como um cão sarnento, daqueles que ninguém quer por perto. Com o avanço da CPI da Covid, o ex-ministro da Saúde teme ficar sem o apoio do governo a que serviu e da corporação a que ainda pertence.

Ilustra essa situação a questão em torno de como ele deverá ir trajado ao depoimento adiado para o dia 19, se de farda ou à paisana.

O comando do Exército já sinalizou preferir que o general se apresente à comissão em trajes civis, de modo a não associar o evento à Força.

Amigos, no entanto, vêm aconselhando Pazuello a fazer justamente o contrário: aparecer fardado e com as suas três estrelas sobre os ombros.

A ideia é "amarrar" sua imagem à do Exército para, assim, desencorajar "avanços" de parlamentares, cujos ataques poderiam ser lidos como agressões aos militares.

Se, porventura, o depoimento se der de forma remota, como ainda desejam o Planalto e o general, o conselho desses amigos é para que Pazuello use, como cenário de fundo de sua apresentação, "uma bandeira do Brasil e um retrato de Caxias". Luiz Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, é o patrono do Exército Brasileiro.

Embora o depoimento à CPI não seja um "ato de serviço", ou seja, não tenha relação com o trabalho de Pazuello no Exército, ele, quando ministro da Saúde, era um militar "agregado" - o que significa que deixou temporariamente de ocupar uma vaga na Força, mas permaneceu em seus quadros. Isso, segundo conselheiros do general, significa que ele atuou no governo Bolsonaro "em cumprimento de missão" e, portanto, tem o direito de comparecer à CPI fardado.

O nervosismo que Pazuello apresentou diante dos encarregados de treiná-lo para o depoimento que estava marcado para ontem foi o que fez com que tanto o general quanto o Planalto agissem para adiá-lo.

O ponto que mais desestabiliza o ex-ministro da Saúde é a acusação de que ele sabia do iminente colapso de oxigênio em Manaus, mas tomou providências tarde demais.

Pazuello responde a inquérito sobre o assunto na Polícia Federal, sob acusação de omissão. E a cada vez que a pauta vem à tona, lateja nele a memória de que quem pediu a abertura da investigação ao Supremo Tribunal Federal foi Augusto Aras.

Fiel aliado de Jair Bolsonaro, Aras, Procurador-Geral da República, nunca deixou o presidente na chuva —ao contrário do que fez com o ex-ministro. Pazuello, o general do pavio curto, tem motivos de sobra para estar nervoso.