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Exército quer se livrar de Pazuello; Bolsonaro testa general Paulo Sérgio
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O general Eduardo Pazuello está sendo pressionado a ir para a reserva.
A tacada mataria vários coelhos de uma vez — mas não apenas isso.
Caso Pazuello peça para deixar o serviço ativo, poupará o Exército de aplicar-lhe uma punição dura pela infração cometida no último domingo, quando o general postou-se às gargalhadas num palanque ao lado de Jair Bolsonaro durante manifestação no Rio em apoio ao presidente (o artigo 57 do Regulamento Disciplinar do Exército veta ao militar da ativa a participação em manifestações de natureza política).
Mais: indo para a reserva, e fazendo isso imediatamente, Pazuello também dissolveria boa parte da apreensão que cerca a sua já anunciada convocação para depor pela segunda vez na CPI da Covid.
Ontem, o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), disse em entrevista ao UOL que o general sairia "algemado" da comissão caso voltasse a mentir em depoimento.
Generais do Exército reagiram com indignação à fala do senador. Qualificaram de "intolerável" a possibilidade de assistir parlamentares dando voz de prisão a um general da ativa (note-se, da ativa).
Mas a pressão para Pazuello pedir o boné, verbalizada com todas as letras inclusive publicamente pelo vice-presidente Hamilton Mourão, não tem por objetivo apenas resolver a situação entre o comando do Exército e o ex-ministro da Saúde, ou entre o comando do Exército e a CPI.
A campanha para Pazuello pedir para sair tem como propósito principal evitar um atrito com consequências imprevisíveis entre o presidente Jair Bolsonaro e o novo comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira.
O general Paulo Sérgio foi escolhido por Bolsonaro para assumir o posto no mês passado, em meio à maior crise entre o governo e os militares. Agora, a administração da traquinagem cometida por Pazuello, o general protegido do presidente da República, será o seu primeiro grande teste político.
Ontem, Paulo Sérgio determinou a abertura de apuração disciplinar contra Pazuello. O militar e ex-ministro da Saúde apresentará a sua defesa por escrito. Ao final da investigação, pode receber punição que vai de advertência verbal até prisão por 30 dias.
A decisão é do comandante do Exército.
Se Paulo Sérgio optar por uma pena considerada branda demais, corre o risco de ser considerado fraco diante de seus comandados, ou de assistir oficiais fardados subindo em trios elétricos na campanha eleitoral do ano que vem.
Se decidir por uma punição dura, estará batendo de frente com Jair Bolsonaro, que se sentirá pessoalmente afrontado pelo que insiste em chamar de "seu" Exército.
Um pedido de Pazuello para ir para a reserva tornaria aceitável uma punição simbólica — e seria a saída para preservar a loja de cristais, no momento repleta de macacos alvoroçados.
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