Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Bolsonaro opera no caos e sonha com convulsão social
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Não que o ministro Luís Roberto Barroso tivesse alternativas. Depois que Jair Bolsonaro fez uma live de quase três horas usando vídeos de fundo de quintal para sugerir que eleições anteriores foram fraudadas, ou o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tomava uma atitude eloquente contra o presidente da República ou estaria aquiescendo com suas leviandades.
Mas erra quem imagina que as ações determinadas pelo TSE, com Bolsonaro como alvo, tenham surpreendido ou mesmo desagradado o ex-capitão. Tudo o que o presidente queria com suas últimas bravatas era uma reação do tribunal e de Barroso, agora eleito o novo "inimigo do povo".
Bolsonaro já havia tentado colar o mesmo rótulo nos governadores, por supostamente quererem confinar os brasileiros em inexistentes lockdowns. Agora, é o chefe do TSE quem, segundo ele, intenciona barrar o direito dos brasileiros de escolherem o próximo dirigente "em eleições limpas".
Pelos planos do presidente, os dois episódios — o dos governadores e o do TSE— teriam o mesmo desenlace. Terminariam com o "seu" Exército indo para as ruas a fim de "garantir a liberdade" dos brasileiros. Diante de um conflito entre o "povo" e os "inimigos do povo", uma imaginária intervenção das Forças Armadas representaria uma atuação "moderadora'' com vistas à restauração da democracia —e não um atentado contra ela.
Bolsonaro não inventou esse enredo.
Nenhum candidato a tirano faz discurso contra a liberdade. Pelo contrário, a retórica é sempre redentora. Se antes Bolsonaro defendia o "direito de ir e vir" do seu povo, agora, tenta proteger o sagrado direito dos brasileiros de escolher o próximo governante.
Bolsonaro é movido a confronto, se alimenta do confronto e cresce nele. "Por isso, ele vai continuar aumentando a pressão", diz um militar conhecedor do ethos presidencial. E até quando? Se depender só dele, responde o oficial, até empurrar os tribunais a uma ação drástica, como a hoje pouco provável decretação de sua inelegibilidade eleitoral.
"Torná-lo inelegível, após tornar Lula elegível, será golpe judicial, seguido de convulsão social e Forças Armadas nas ruas", afirma o militar aliado do presidente.
Tudo, enfim, com que Bolsonaro sonha.
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