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Thaís Oyama

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Bolsonaro derrete e Lula estuda "superplano" para superar Auxílio Brasil

Lula e Bolsonaro: o que cada um vai levar para o campo de batalha? - Amanda Perobelli/Reuters e Marcos Corrêa/Presidência da República
Lula e Bolsonaro: o que cada um vai levar para o campo de batalha? Imagem: Amanda Perobelli/Reuters e Marcos Corrêa/Presidência da República

Colunista do UOL

19/08/2021 12h12

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Com a popularidade despencando e a piora das expectativas na economia (menos crescimento e mais inflação), o maior, senão o único, trunfo eleitoral que Jair Bolsonaro tem hoje nas mãos é o Auxílio Brasil — de valor, origem e data de lançamento ainda indefinidos.

O substituto vitaminado do Bolsa Família representa a chance de o presidente crescer num segmento fundamental para o seu projeto de reeleição. Numa conta de padaria: se em torno de 50% dos brasileiros o rejeitam e 25% o apoiam, seu potencial de crescimento está nos 25% restantes.

Nesse universo, cerca de metade da população pertence às classes D e E —ou seja, são eleitores cujas vidas podem melhorar significativamente com o auxílio do governo. A conquista de ao menos parte desse eleitorado pode fazer a diferença entre a vitória ou a derrota do ex-capitão em 2022.

Ocorre que, do outro lado, o ex-presidente Lula não pretende ficar parado assistindo a Bolsonaro avançar sobre o seu território —o petista, segundo o último Datafolha, tem a preferência de 57% dos brasileiros com renda familiar até dois salários mínimos.

Para fazer frente à ofensiva do presidente, Lula vem sendo aconselhado a não contar apenas com as boas memórias que parte da população mais pobre guarda do seu governo —mas a ter em mãos um projeto vistoso na área social que supere o Auxílio Brasil de Bolsonaro.

Esse projeto, que vem sendo defendido por um influente conselheiro do petista, teria como foco um ambicioso programa nacional de capacitação inspirado no trabalho do economista indiano Amartya Sen, ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 1998.

Aliado à manutenção ou ampliação de um programa nos moldes do Bolsa Família, o projeto acenaria com a superação da miséria por meio de uma "revolução" na qualificação profissional dos brasileiros mais pobres.

Em outras palavras, se Bolsonaro dá um peixe, Lula oferece dois e ainda providencia a vara de pescar.

O campo de batalha de 2022 será aquele em que estão assentados os desassistidos. E Lula não pretende se apresentar nele de mãos abanando.