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Por que o nome da terceira via (se sair) ainda vai demorar
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De dois eventos cruciais, além do calendário eleitoral, depende a definição do chamado candidato da "terceira via", o nome que pode ganhar a preferência de boa parte dos cerca de 40% dos eleitores que — entra pesquisa, sai pesquisa— continuam dizendo que não gostariam de votar nem em Jair Bolsonaro nem em Luiz Inácio Lula da Silva.
O primeiro evento, as prévias do PSDB, terá seu desfecho revelado no dia 21 de novembro.
Os quatro pré-candidatos do partido à Presidência da República, a serem confirmados na tarde de hoje, são o governador de São Paulo, João Doria; o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite; o senador Tasso Jereissati e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio — sendo os dois primeiros favoritos, com Doria na frente.
A decisão no campo tucano impacta o tabuleiro nacional basicamente porque se espera que, saindo Doria vencedor, o governador de São Paulo não abrirá mão de ser o cabeça de chapa da sigla, o que reduziria significativamente as chances de composição do PSDB com outros partidos na eleição presidencial.
Já Eduardo Leite tem dado declarações públicas sinalizando sua proximidade, por exemplo, com o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM) — ele também um presidenciável.
A vitória de Doria, portanto, tende a criar uma candidatura tucana; a de Leite abre espaço para que o PSDB se sente à mesa com os partidos interessados em viabilizar uma frente única em oposição à polarização Lula-Bolsonaro.
Ocorre que, para a construção da propalada terceira via, de pouco adiantará a decisão do PSDB sobre o seu pré-candidato sem a definição de outro evento capaz de mover as placas tectônicas da política nacional.
O projeto de fusão do DEM com o PSL, se bem sucedido, criará o maior partido da Câmara, terá o condão de alterar o xadrez eleitoral inclusive nos estados e municípios e fará com que adentre na arena nacional uma nova força com três potenciais candidatos à presidência: da parte do DEM, além de Mandetta, Rodrigo Pacheco, o presidente do Senado hoje cortejado pelo PSD de Gilberto Kassab; e da parte do PSL, o apresentador José Luiz Datena, recém-filiado à sigla.
A operação de transformar em um só o partido de ACM Neto e o de Luciano Bivar tem obstáculos gigantescos pela frente: a conciliação da miríade de interesses regionais, muitas vezes conflitantes, da parte de candidatos das duas siglas é o mais complexo de todos, mas há ainda a acomodação das lideranças dos próprios caciques na legenda nascente —com quem ficará, por exemplo, a direção partidária de Pernambuco? Com Bivar, que é de lá, ou com o ex-ministro José Mendonça Filho, ligado a ACM Neto? Se for com Mendonça, ACM Neto aceitará se submeter ao comando de Bivar no estado?
Isso sem falar na profusão de bolsonaristas que hoje povoam as duas siglas e que, diante da hipótese de se verem em um partido que desde já promete distância de Bolsonaro, teriam que tomar o rumo da porta de saída.
Tomarão?
Esperançosos, não obstante a magnitude das dificuldades, os articuladores da fusão DEM-PSL afirmam que o projeto deve estar consolidado até dezembro.
Iniciado o novo ano, entra em ação o calendário eleitoral propriamente dito.
Entre janeiro e março, a abertura da janela partidária dará início a uma frenética dança das cadeiras, com políticos entrando e saindo de partidos conforme suas conveniências eleitorais. O processo se encerra no dia 3 de abril.
Só a partir daí — com a obrigatória definição da parte dos candidatos, incluindo Bolsonaro, sobre o partido pelo qual irão concorrer e definido o tamanho e a força de cada sigla, além do nome com que elas pretendem entrar na arena, seja para valer, seja para fazer coligações — é que o cenário de 2022 começará a clarear.
Até lá, o horizonte será de Lula e do ex-capitão.
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