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Thaís Oyama

REPORTAGEM

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Os três pontos de que depende a terceira via: dinheiro, Sudeste e Bolsonaro

O ex-presidente Lula e o presidente Jair Bolsonaro: por enquanto, só os dois na pista - Foto: Agência Brasil/Marcello Casal Jr.
O ex-presidente Lula e o presidente Jair Bolsonaro: por enquanto, só os dois na pista Imagem: Foto: Agência Brasil/Marcello Casal Jr.

Colunista do UOL

01/11/2021 11h26

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O pesquisador e cientista social Maurício Moura foi o primeiro a antecipar que Jair Bolsonaro ganharia as eleições presidenciais em 2018 — e o fez quando a candidatura do ex-capitão soava ainda uma piada, inclusive para a imprensa.

Moura tem, portanto, crédito suficiente para que se preste atenção às suas previsões sobre a viabilidade de um nome capaz de quebrar a polarização entre Lula e Bolsonaro em 2022. E o que ele diz é que três pontos irão definir se a chamada "terceira via" tem ou não chances de prosperar.

O primeiro deles é o comportamento do eleitorado do Sudeste.

Em 2018, a região foi fundamental para a vitória de Bolsonaro. Hoje está entre as que mais o rejeitam. Da mesma forma, Lula tem no Sudeste o seu ponto fraco. No maior colégio eleitoral do Brasil, mais da metade dos eleitores diz não querer a volta do petista à Presidência.

Assim, se o ainda inexistente candidato da terceira via tem alguma chance de emplacar, essa chance passa pela conquista do eleitorado do Sudeste, hoje praticamente órfão.

O segundo ponto fundamental para definir a viabilidade de um terceiro nome competitivo em 2022, diz Maurício Moura, é a capacidade que esse concorrente terá de financiar sua campanha.

Assim como ocorreu em 2018 pela primeira vez, os candidatos não poderão contar com doações de empresas para bancá-los. Nesse contexto, Bolsonaro e Lula levam vantagem logo de saída — o primeiro por estar no poder e ter o comando da máquina pública; e o segundo por pertencer ao partido que tem a maior fatia de financiamento público de campanha (projeções indicam que, só de fundo eleitoral, o PT deve levar mais de R$ 560 milhões em 2022).

Já ao candidato da terceira via restará, além de magra fatia de recursos públicos, apenas doações de pessoas físicas ou a injeção de recursos próprios — mesmo assim, só até o limite estabelecido pelo TSE de R$ 7 milhões no primeiro turno (quase nada quando se sabe que, no Brasil, um candidato a presidente em campanha gasta fácil R$ 1 milhão por semana só em despesas com transporte aéreo).

O terceiro e último ponto a definir as chances da terceira via em 2022 é a curva de aprovação de Bolsonaro.

Se ela der uma guinada para cima, o ex-capitão passa à condição de favorito e mantém a polarização com Lula.

Se melhorar apenas um pouco, Lula continua na frente e a situação de polarização com Bolsonaro permanece.

Se, no entanto, a popularidade de Bolsonaro não melhorar e nem piorar significativamente, a terceira via, a depender de quem a incorporar, tende a se fortalecer. Isso porque, aos olhos do eleitorado antipetista, o ex-capitão deixa de ser a melhor opção para "evitar a volta do PT", diz Moura.

Como a melhora da popularidade de Bolsonaro está intrinsecamente atrelada à melhora da economia, a hipótese da guinada para cima é hoje, na bolsa de apostas, a menos cotada.