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Gastança eleitoral mal começou: Bolsonaro prepara mais surpresas
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Foi uma festa de rico bancada por pobres.
A pretexto de garantir a distribuição de R$ 400 aos brasileiros em petição de miséria, e à custa do calote dos precatórios, Congresso e governo, no início deste mês, conseguiram alargar em R$ 113 bilhões as despesas do governo federal previstas para 2022.
Ontem, com a aprovação do Orçamento, quase 20% desse dinheiro acabou direcionado para outros fins: R$ 16,5 bilhões irão bancar as famigeradas emendas do relator, R$ 4,9 bilhões deverão abarrotar os cofrinhos do fundo eleitoral e R$ 1,7 bilhão já estão reservados para o presidente Jair Bolsonaro posar de bonito diante da categoria dos policiais federais, à qual o ex-capitão prometeu conceder um singular aumento salarial.
Em todos esses casos, a finalidade primeira e última da alocação dos recursos é garantir aos políticos envolvidos dinheiro para fazer campanhas, irrigar suas bases eleitorais e aumentar suas chances de se elegerem, e a aliados.
O que ocorreu no Congresso ontem irá, a partir de agora, se repetir no âmbito do governo federal.
Jair Bolsonaro, afirma um aliado do Centrão, não terá prurido em fazer uso do erário para aumentar suas chances eleitorais.
"A vantagem de ser governo é poder usar os instrumentos de governo", afirma a fonte, segundo a qual, "há muitas maneiras de abrir os cofres para além do Orçamento, e o governo tem 10 mil cabeças empenhadas em achar essas maneiras".
Entre as propostas já rascunhadas por ministros, assessores e técnicos do governo federal (as "dez mil cabeças") estão, segundo a fonte: aumentar significativamente a margem de empréstimo consignado no INSS, visando o público de aposentados e pensionistas; perdoar as dívidas não apenas dos estudantes do Prouni (Programa Universidade para Todos), como já aventou Bolsonaro em live recente, mas ampliar a medida de modo a permitir acesso a novos créditos para outros segmentos de eleitores; criar, por meio da Caixa Econômica Federal, um programa de microcrédito nos moldes concebidos pelo economista indiano Amartya Sen, ganhador do prêmio Nobel de Economia que defende a concessão desburocratizada, e com juros baixos, de empréstimos para populações excluídas do sistema financeiro.
Essa última medida, seria, nas palavras do representante do Centrão, "dinheiro na veia dos pobres".
As últimas pesquisas eleitorais deixam Jair Bolsonaro num instável segundo lugar — os 22 pontos de intenção de votos que o Datafolha lhe atribui são suficientes apenas para empurrá-lo para o segundo turno, onde, ainda segundo as pesquisas, o ex-capitão seria fragorosamente vencido pelo ex-presidente Lula caso as eleições fossem hoje.
Bolsonaro tem a derrota no horizonte, mas está decidido a cair atirando — e, antes de tombar, pode fazer um belo estrago na paisagem.
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