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Com rejeição até no próprio partido, Moro se vê diante de encruzilhada
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A vida não está fácil para o candidato Sergio Moro.
Pesquisa da Quaest Consultoria divulgada ontem mostrou que a rejeição à candidatura do ex-juiz para a Presidência subiu três pontos.
Já sua popularidade segue empacada. Segundo a Quaest, Moro tem hoje 7% de intenção de votos — nem a metade dos 15% que aliados no Podemos esperavam que ele atingisse em fevereiro.
Para piorar, parte da bancada federal do seu partido começa a tentar empurrá-lo para os braços de outra agremiação. O recém-homologado União Brasil já sinalizou que declinará da oferta.
Os motivos são os mesmos: o fundo partidário não estica, e colocar o dinheiro na campanha de um candidato à Presidência significa tirar dinheiro da campanha dos candidatos a deputados federal, por exemplo.
No caso do pequeno Podemos, o cobertor já é curto. No caso do rico União Brasil, a ambição é muita: caciques querem investir pesado no plano de fazer uma superbancada no Congresso em 2023 (juntos, o DEM e o PSL, que se fundiram para dar origem à nova sigla, têm hoje 81 deputados). Não há tempo nem recursos a perder com um candidato que não puxa votos.
Moro virou um candidato de nicho, restrito a segmentos das classes A e B moradora dos centros metropolitanos. À parte as inconveniências de ser visto como traidor por bolsonaristas e inimigo por petistas, amarga ainda as consequências de não ter sido talhado para a política.
A falta de desenvoltura que demonstra para costurar apoios e defender-se de ataques de adversários é a mesma que deixa evidente quando se arrisca a posar para fotos com um chapéu de vaqueiro na cabeça.
Moro tem afirmado que não desistirá da candidatura à Presidência para tentar uma vaga no Senado, que, conquistada, lhe daria direito a foro privilegiado.
Alvo de investigação no TCU (Tribunal de Contas da União) por sua atuação na consultoria Alvarez & Marsal, ele afirma não precisar de blindagem e nem temer qualquer ação, ainda mais "sobre fato inexistente".
O dia 2 de abril dará uma pista sobre as intenções políticas do ex-juiz.
Nesta data, encerra-se o prazo para os candidatos nas eleições de 2022 definirem seu domicílio eleitoral. O de Moro, atualmente, é o Paraná, por onde dificilmente ele conseguiria concorrer ao Senado, já que a vaga de candidato no Podemos é de Álvaro Dias, um de seus padrinhos políticos.
Se Moro decidir transferir o título de eleitor para São Paulo ou Distrito Federal estará indicando a disposição de deixar a corrida presidencial para concorrer a uma vaga no Legislativo — o que tampouco será tarefa fácil, diante do congestionamento de candidatos ao Senado no Distrito Federal e de uma candidatura forte como promete ser a de José Luiz Datena em São Paulo.
Moro não tem muitas opções.
Pode não precisar de blindagem, como afirma, mas precisa ganhar a vida como todo mundo — e nada indica que seu próximo emprego vá ser o de presidente da República.
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