Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Notícia de que 10% dos brasileiros apoiariam golpe assusta PT e ameaça Ciro
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Ontem, o ex-presidente Lula e sua equipe de coordenação de campanha assistiram a uma bateria de pesquisas feita pelo instituto Vox Populi.
No principal levantamento apresentado, o número de votos válidos atribuídos ao ex-presidente no primeiro turno foi de 53%, quase idêntico ao apurado pelo instituto Datafolha (54%) — e suficiente para levar o petista à vitória já na primeira rodada.
Mas o dado que mais surpreendeu a plateia, virtual e presencial, foi outro [ouça e assista no Radar das Eleições]. Segundo a pesquisa exibida a Lula e seus coordenadores de campanha, 10% dos eleitores estariam dispostos a apoiar o presidente Jair Bolsonaro caso ele decidisse dar um golpe de estado.
Essa porcentagem, como observou um dos presentes, significa nada menos do que 15 milhões de brasileiros — "mas se chegar no dia 3 de outubro, Bolsonaro perder a eleição e disser que não sai do Palácio, não é preciso mais do que mil pessoas para fazer um grande estrago".
Se a informação causou alarme na campanha, também ajudou a reforçar a oportunidade de uma estratégia que já vinha sendo discutida no partido: a de investir pesado na tentativa de cooptar os eleitores de Ciro Gomes (PDT).
São dois os motivos a justificar a aposta.
O primeiro é que, segundo a pesquisa apresentada ontem ao PT, ao contrário do que ocorre com os votos de Lula e Bolsonaro, os de Ciro Gomes estão pouco consolidados. Metade dos entrevistados que afirmam pretender votar no pedetista dizem que podem mudar de ideia até a eleição— um prato cheio para o PT. Levando em conta que Ciro Gomes oscila hoje entre 6% e 8% nas pesquisas, a metade desses votos poderia garantir a folga que o petista precisa para sonhar com o primeiro turno.
O segundo motivo que reforça a aposta na estratégia de cooptação dos eleitores de Ciro é de que a constatação da existência de um grande número de eleitores dispostos a apoiar uma aventura golpista de Bolsonaro reforça o argumento, por ora apenas genericamente divulgado, de que é urgente unir forças para evitar um retrocesso democrático. Nessa narrativa, Bolsonaro é a ameaça; Lula, a salvação; e Ciro Gomes, a escada.
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