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Thaís Oyama

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Lula mira em nova onda "Ele Não" enquanto Bolsonaro toca harpa entre chamas

                                 Lula e Bolsonaro: petista tem campanha focada enquanto bolsonaristas batem cabeça a dez dias da eleição  -                                 RICARDO STUCKERT E MARCOS CORRêA/PR
Lula e Bolsonaro: petista tem campanha focada enquanto bolsonaristas batem cabeça a dez dias da eleição Imagem: RICARDO STUCKERT E MARCOS CORRêA/PR

Colunista do UOL

22/09/2022 09h58

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A campanha de Luiz Inácio Lula da Silva prepara para a semana que vem uma "superlive" com a participação de artistas como Anitta, Caetano Veloso, Ludmilla, Chico Buarque e "concepção visual" assinada pelo mesmo diretor que em 2016 criou a cerimônia de encerramento das Olimpíadas do Rio.

O evento pretende ser o sprint de Lula na reta final para o primeiro turno.

Mais do que reunir puxadores de voto poderosos num nicho valioso — o dos jovens, incluindo a faixa etária do voto facultativo—, a campanha do petista mira a criação de uma segunda, e quiçá mais bem-sucedida, onda "Ele Não".

O movimento organizado por mulheres contra a candidatura de Jair Bolsonaro em 2018 nasceu nas redes sociais, chegou às ruas, repercutiu no exterior e, na época, ganhou a adesão até da cantora Madonna.

O plano parece estar indo bem.

Ontem, o jurista Miguel Reale Júnior, autor do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, anunciou seu apoio a Lula.

Intelectuais e políticos militantes da esquerda latino-americana, como o argentino e prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel e o ex-presidente do Equador Rafael Corrêa, assinaram uma carta pedindo ao "querido companheiro" Ciro Gomes (PDT) que renuncie à sua candidatura.

Caso não o faça, dizem os signatários, Ciro irá "dispersar forças, debilitar o bloco antifascista, facilitar a vitória de Bolsonaro e eventualmente abrir caminho a um novo golpe de Estado".

A opinião pública, é sabido, se constrói a partir da repetição de uma ideia. E a ideia que se repete agora é de que, sem Lula, resta o dilúvio, e quem não está com ele está com o fascismo.

O PT, com diligência, organização e método, constrói a opinião pública e marcha como sempre marchou nos seus momentos cruciais: resoluto, disciplinado e pronto para esmagar cabeças dissidentes se preciso for.

Já a campanha de Bolsonaro debate-se na primária discussão sobre qual candidato deve apresentar ao eleitor: se o ex-capitão que veio para tocar fogo no "sistema" ou o presidente que precisa de mais quatro anos para terminar sua obra.

Enquanto adultos se estapeiam na sala e crianças se engalfinham no chão, o Mito toca harpa em meio às labaredas que começam a devorar as cortinas do palácio. Dez entre dez colaboradores próximos afirmam que ele acredita piamente na vitória, talvez mesmo no primeiro turno.

Desde o início, o improviso e o alheamento da realidade foram as marcas do governo Bolsonaro. Agora, podem apressar o seu fim.