Na reta final, Bolsonaro se esconde "nas trevas" e crê na vitória

A sete dias das eleições, e atrás do adversário segundo todas as pesquisas de opinião dos maiores institutos, Jair Bolsonaro acredita que vai ganhar no primeiro turno.

Colaboradores do presidente afirmam que ele está "sinceramente convencido" de que será reeleito.

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Segundo um deles, a certeza de que as pesquisas "já erraram muito no passado e estão erradas agora" não é apenas do ex-capitão. Ela é partilhada e reforçada diariamente pelo seu entorno mais próximo."É preciso lembrar que o Bolsonaro vive numa bolha", afirma o colaborador.

Ontem, o presidente voltou a fazer a afirmação numa live que transmitiu de lugar incerto e não sabido, escolhido para driblar a proibição do TSE do uso de instalações públicas para manifestações de cunho eleitoral.

Tendo ao fundo uma bandeira do Brasil colada na parede, Bolsonaro provocou: "Será que o TSE sabe (de) onde estou fazendo essa live? Escondido como se fosse um cara nas trevas?".

Nesse caso, a menção às "trevas" foi quase literal —a sala escolhida para a transmissão, pequena e mal iluminada, tinha o aspecto de uma caverna.

Como metáfora, porém, não poderia ser mais precisa.

Segundo mostrou hoje reportagem do Estadão, somam 65 até agora os casos em que o governo Bolsonaro impôs segredo de 100 anos a demandas recebidas por meio da Lei de Acesso à Informação.

Os assuntos proibidos, sob alegação de conterem "dados pessoais", incluem até os nomes de quem visitou a primeira-dama Michelle Bolsonaro no Palácio da Alvorada, além de telegramas do Itamaraty sobre a prisão do ex-jogador Ronaldinho Gaúcho no Paraguai e a carteira de vacinação presidencial.

"Como se fosse um cara nas trevas".

Confinado na sua Idade Média particular, Bolsonaro, há que se reconhecer, ao menos do ponto de vista psicanalítico, não poderia ser mais transparente.