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Thaís Oyama

REPORTAGEM

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As pesquisas erraram na eleição nacional? Talvez não

Definição do voto na boca da urna: a hipótese dos pesquisadores                              - Nelson Jr./Ascom TSE
Definição do voto na boca da urna: a hipótese dos pesquisadores Imagem: Nelson Jr./Ascom TSE

Colunista do UOL

05/10/2022 04h00

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Esta é parte da newsletter da Thaís Oyama enviada ontem (4). Na newsletter completa, apenas para assinantes, a colunista mostra que pesquisadores acreditam que o antipetismo pode ter feito eleitores indecisos e apoiadores de Ciro Gomes e Simone Tebet a migrarem para Jair Bolsonaro na última hora, o que explicaria a diferença entre as pesquisas e os resultados das urnas. O texto traz ainda a coluna "Em off", que revela um exemplo de como a performance de Bolsonaro despertou em lulistas a "raiva do povo". Quer receber antes o pacote completo, com a coluna principal e mais informações, no seu e-mail, na semana que vem? Inscreva-se aqui.

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As pesquisas erraram na eleição nacional? Talvez não

À exceção do Ipec, todos os principais institutos que divulgaram pesquisas às vésperas do primeiro turno das eleições acertaram, dentro da margem de erro, a porcentagem de votos que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teria, de 48%.

O DataFolha cravou 50%. A Quaest, 49%. O Ideia, 49%.

O Ipespe, 46%.

Nenhum instituto, porém, chegou perto dos 43% alcançados pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).

O eleitor definiu seu voto na boca da urna

Descartadas as teses conspiratórias, que exigiriam a união de várias empresas concorrentes seguida do suicídio reputacional de todas elas em prol do petista, a primeira hipótese que surge para explicar a diferença entre as pesquisas e o que se viu nas urnas é a do erro metodológico.

Mas se a metodologia usada para aferir a votação de Lula funcionou no caso do ex-presidente, por que não teria funcionado no caso de Bolsonaro?

A convicção dos pesquisadores é de que a metodologia está correta e as pesquisas não erraram — o eleitor é que mudou de ideia.

Para Maurício Moura, do instituto Ideia; Felipe Nunes, da Quaest; e Bruno Soller do Real Time Big Data, foram os eleitores indecisos e os que tinham como primeira opção os candidatos Ciro Gomes (PDT) ou Simone Tebet (MDB) os que, na boca da urna, decidiram migrar para Bolsonaro.

Indecisos e eleitores de Ciro e Tebet: as chaves da mudança

Os indecisos, lembra Moura, eram 11% na pesquisa espontânea do Datafolha divulgada três dias antes da eleição. Parte desses 11%, na opinião de Felipe Nunes, decidiu-se por Bolsonaro para evitar a vitória de Lula, assim como eleitores de Tebet e Ciro.

"Nossos levantamentos mostravam que um quinto dos eleitores de Ciro Gomes eram antipetistas. Eles não aguentaram ver Lula ganhando".

Para Bruno Soller, contribuiu para agravar o medo da vitória do petista a campanha protagonizada por artistas em favor do voto útil para Lula. "Ao ver a ameaça de o PT 'matar' no primeiro turno, parte do eleitorado resolveu criar uma resposta, que foi reforçar a votação de Bolsonaro", afirma Soller.

É, portanto, a força do antipetismo o que, na opinião do pesquisador, estaria na origem da migração de votos para Bolsonaro tanto da parte dos indecisos quanto de eleitores da terceira via —no último momento e no segredo da urna.

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