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Qual a porcentagem de abstenção que pode causar uma virada de Bolsonaro?
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Esta é parte da newsletter da Thaís Oyama enviada ontem (18). Na newsletter completa, apenas para assinantes, a colunista conta qual é a taxa de abstenção necessária para uma virada de Jair Bolsonaro sobre Lula e qual a chance de essa abstenção ocorrer. O texto traz ainda a coluna "Em off", que descreve o coquetel realizado segunda-feira na casa de Teresa e Candido Bracher, destinado a convencer eleitores da ex-candidata Simone Tebet (MDB) a votarem em Lula. Quer receber antes o pacote completo, com a coluna principal e mais informações, no seu e-mail, na semana que vem? Inscreva-se aqui.
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Qual a porcentagem de abstenção que pode causar uma virada de Bolsonaro?
A taxa de abstenção pode definir o resultado da eleição no dia 30 de outubro — com isso concordam pesquisadores e analistas.
Também concordam os especialistas que quanto maior for o número de eleitores faltantes, mais isso prejudica o candidato que está na frente.
Neste caso, quem está na frente é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para quem esse não é o único motivo de preocupação.
No primeiro turno, a maior parte dos brasileiros que não foi votar (20,9%) pertencia aos segmentos de menor escolaridade e renda, justamente aquele em que o petista tem mais votos.
Partindo, portanto, da premissa de que uma alta taxa de não comparecimento dos eleitores tende a prejudicar mais o primeiro colocado nas pesquisas, Lula, do que o candidato que está em segundo lugar, o presidente Jair Bolsonaro, qual seria o número de faltantes que faria o placar virar?
O número
"A partir de uma taxa de abstenção maior que 24%, Bolsonaro passa a ter muita chance de ganhar", afirma Maurício Moura, presidente do instituto Ideia e professor de Estatística na Universidade George Washington. O cálculo do pesquisador se baseia na hipótese de a abstenção no dia 30 de outubro seguir uma distribuição similar à do primeiro turno.
O cientista político Felipe Nunes, diretor da Quaest, concorda com Moura. Ele lembra, no entanto, que um índice de abstenção de 24% nunca foi registrado numa eleição presidencial no Brasil.
O recorde de abstenção no segundo turno é de 21,5% e se deu em 2010, na eleição em que Dilma Rousseff (PT) derrotou José Serra (PSDB).
Vem aí a "guerra dos ônibus"
Historicamente, nos estados, entre as variáveis que podem contribuir para o aumento da abstenção no segundo turno está a ocorrência ou não de uma segunda rodada de votação para governador.
Nos estados em que o nome do governador já está definido (neste ano, 14, mais o Distrito Federal) e onde, portanto, não haverá segundo turno, a abstenção tende a ser entre 1 e 2 pontos percentuais mais alta, afirma Maurício Moura.
No sentido contrário, está a facilitação do transporte pelas autoridades municipais no dia da eleição, que puxa a abstenção para baixo.
Em setembro, o partido Rede Sustentabilidade, coligado com o PT, havia pedido a obrigatoriedade do transporte gratuito em todo o Brasil nos dias 2 e 30 de outubro.
O ministro do STF Luís Roberto Barroso, porém, negou o pedido. Ele argumentou que a Justiça não pode obrigar as prefeituras a oferecer passe livre aos eleitores sem que elas tenham previsão orçamentária para tanto.
Assim, a decisão sobre liberar ou não o transporte gratuito no próximo dia 30 dependerá dos prefeitos — e da pressão que sobre eles farão lideranças petistas, de um lado; e a máquina bolsonarista, de outro.
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