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Campanha de Bolsonaro teme "estrago" do caso Jefferson entre mulheres
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Com um aliado como Roberto Jefferson, Jair Bolsonaro não precisa de inimigos.
A avaliação, de integrantes do núcleo político da campanha do presidente, refere-se aos estragos causados ao candidato pela pantomima protagonizada ontem pelo ex-deputado federal do PTB e que por pouco não termina em sangue.
Entre os prejuízos imediatos do episódio para a tentativa de reeleição do ex-capitão está o derretimento da ideia do "bolsonarismo perseguido" pelo Judiciário. Quando um aliado do presidente resiste a uma interpelação da Justiça com granadas e tiros de fuzis, fere policiais e condiciona sua rendição à entrada em cena de um político histriônico que insiste em se vestir de padre, o trágico e o cômico se aliam e não há teoria conspiratória que pare de pé.
Mas é outra a consequência eleitoral possível da patuscada montada por Jefferson ontem o que mais atemoriza os comandantes da campanha bolsonarista, e essa se esconde abaixo da superfície política.
Pesquisa divulgada na semana passada pela Quaest mostrou que mais da metade dos eleitores de Jair Bolsonaro são contra a facilitação da compra e posse de armas (52%, contra 46% que se declararam favoráveis às iniciativas).
Ao contrário de questões que unem o eleitorado do ex-capitão (como a condenação do aborto e a defesa da redução da maioridade penal), o aumento da circulação de armas de fogo no país é malvisto sobretudo por quem convive mais de perto com a criminalidade: moradores pobres das regiões periféricas das grandes cidades brasileiras — ou, mais especificamente, moradoras.
São mulheres com baixa escolaridade e renda, muitas das quais já tiveram um conhecido ou parente vitimado pela violência e rejeitam todo discurso ou situação que pareça estimulá-la — como o arsenal (ilegal) exibido pelo aliado de Bolsonaro e suas possibilidades de aplicação.
"Parte dessas mulheres compõem os 5% de indecisos que ainda restam para ser convencidos", afirma um integrante do núcleo da campanha bolsonarista.
É pouca gente. Mas numa eleição que caminha para ter a menor margem de diferença entre os candidatos — até agora, ela foi de 3,5 milhões de votos em favor de Dilma Rousseff na eleição de 2014 contra o tucano Aécio Neves — escassez é abundância, e qualquer movimento pode ser decisivo para definir o placar de domingo.
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