Apoiador de Nunes, Tarcísio recebeu Marçal fora da agenda
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o candidato à prefeitura da capital paulista Pablo Marçal (PRTB) encontraram-se secretamente fora do expediente na última quinta-feira (29).
O encontro foi secreto porque Tarcísio é apoiador do atual prefeito e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), adversário de Marçal.
Marçal levou bandeira branca - se o governador parasse de atacá-lo, também o tiraria do alvo em seus discursos ditos antipolítica e antissistema.
O governador ficou em silêncio.
Foi no único dia da última semana em que Tarcísio não participou de agendas públicas ao lado de seu candidato à prefeitura.
Na segunda-feira (26), três dias antes do armistício, o governador paulista atacou Marçal durante entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, sem citar seu nome, mas insinuando que sua vitória seria um "desastre".
"Se a gente passa o tempo todo combatendo o crime organizado, não quer que alguém com conexões com o crime organizado chegue à prefeitura", disse o governador, numa referência às acusações de ligação do presidente do partido de Marçal, Leonardo Avalanche, com o PCC.
Àquela época, a missão de Tarcísio já era difícil: tentar frear a adesão de boa parte do campo bolsonarista ao candidato adversário de Nunes, confirmada nas últimas pesquisas de intenção de voto.
Marçal foi o primeiro político com discurso radical a ganhar força eleitoral após o fenômeno Bolsonaro sem contar com o apoio do ex-presidente.
Fiador da aliança de Nunes com Bolsonaro, que inclusive indicou o vice na chapa do atual prefeito, Tarcísio cobrou do ex-presidente e de sua família uma reação crítica a Marçal.
Recebeu o que pediu, mas o resultado alcançado não foi o esperado: houve reação negativa do campo bolsonarista na web, como nunca havia ocorrido antes.
Sob as mãos de Carlos Bolsonaro, a família recuou.
"A direita não tem dono", disse Marçal ontem durante entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura.
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