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O julgamento: Bolsonaro acima de tudo, e Deus que lute

O julgamento do século começou, BRASEW! E se depender do que se viu no primeiro dia do resto dos dias das vidas deles, vai ser cada um por si e Deus que lute para decidir quem Ele vai defender. (Por que, né? Não dá para salvar todo mundo.)

Uma coisa é dada como certa: Bolsonaro vai virar réu. Os advogados do nosso ex já o avisaram que está clara a disposição dos ministros supremos de receber a denúncia contra todos os oito denunciados do primeiro núcleo, chamado de Núcleo Crucial do Golpe de Estado.

Mas você quer mesmo é aquele nosso resumo maravilhoso do que aconteceu, né? Então vamos lá.

A denúncia

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Bolsonaro e seus comparsas estariam tramando um golpe de Estado desde 2021, quando fez uma live para falar mal das urnas eletrônicas. Ali, teria começado a tentativa de criar uma narrativa que levaria a alegação de fraude eleitoral, que culminou com os atos violentos do 8 de janeiro de 2023.

A defesa

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Foram oito advogados, para oito denunciados, 15 minutos para cada um e ninguém estava muito preocupado em negar que houve uma tentativa de golpe de Estado. Eles estavam preocupados em negar que seus clientes tenham participado do rolê.

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O advogado de Bolsonaro disse que não se pode negar a gravidade dos fatos do 8 de Janeiro, mas que Bolsonaro tanto repudiou o caso que até ajudou o ministro da Defesa de Lula a falar com o Comando Geral das Forças Armadas (Múcio contou em entrevista ao Roda Viva que teve que pedir ajuda para o ex-mito, porque os milicos não queriam saber dessa conversa de transição).

Ele também falou que Bolsonaro era acusado de um crime impossível já que o crime de golpe de Estado prevê tentativa de tirar alguém legitimamente eleito do poder e, Bolsonaro era essa pessoa. (Só esqueceu que Bolsonaros e Trumps gostam de realizar o que parece impossível.)

O advogado do Braga Netto elogiou a atuação firme do Supremo contra o 8 de Janeiro, garantiu que não se calará contra quem atacar o Supremo e ainda que é solidário especialmente ao relator do processo. Que é quem? Quem? Xandão. Uau!!! Que advogado, hein? E ele ainda acrescentou que estava falando em nome do seu cliente também.

Mas claro que ele garantiu que o Braga Netto nunca quis golpe algum e que o Mauro Cid mentiu e mentiu muito e só falou o que os policiais queriam ouvir (depois do novo depoimento).

O advogado do Mauro Cid nem quis falar muito, disse apenas que o ex-faz tudo de Bolsonaro era assessor direto do presidente e por isso sabia tudo e cumpriu seu dever em delatar tudo.

O advogado do General Paulo Sergio, que era ministro da Defesa, disse que a própria delação do Mauro Cid mostra que o general nunca quis golpe, e que fazia parte do grupo que dizia que assinar qualquer decreto era uma doideira. Ah, e que só chamou o Comando das Forças Armadas porque eles precisavam ficar sabendo do decreto. Aaaah, bom!

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O advogado do Ramagem (que foi chefe da Abin) disse que seu cliente foi acusado de construir a mensagem do golpe, mas que eram só três arquivinhos mequetrefes e que não tinha nada demais escrito. Assim como não era nada demais ter em seu computador os dados do corpo societário da Positivo (empresa que cuidava das urnas eletrônicas).

O advogado do Almirante Garnier (que era chefe da Marinha e disse que estava com as tropas prontas se Bolsonaro precisasse) estava empenhado em reclamar do fato de que os outros comandantes do Exército e da Aeronáutica não estavam sendo denunciados. Eles nunca foram ouvidos como suspeitos, mas apenas como testemunhas (já que eles teriam ficado calados também quando ouviram falar dos tais decretos).

O advogado do Anderson Torres (ex-ministro da Justiça) disse que seu cliente só participou de uma live de duas horas em que falou 4 minutos e só leu um relatório sobre investigação de ataque hacker a urnas eletrônicas. Ah, então tá bom.

E também garantiu que a viagem do cliente na época do 8 de Janeiro para os States já estava marcada desde julho do ano anterior. (Torres saiu do governo Bolsonaro e era o secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. Ele é acusado de ter deixado o 8 de Janeiro acontecer.)

O advogado do general Augusto Heleno foi mais ousado e disse que a procuradoria montou uma narrativa terraplanista do golpe. Ele garantiu que Heleno apenas ficava calado lá atrás nas lives e nunca disse nada sobre golpe. E se agarrou na delação do Cid, que disse que nunca viu uma ação operacional ou de planejamento por parte do general Heleno.

A delação

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Imagem: Arte: TixaNews
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Para o advogado de Bolsonaro, seria essencial derrubar a delação de Mauro Cid. Ele não conseguiu derrubar num primeiro momento, mas o supremo Fux (in Fux we trust, lembra?) deu a linha de que quando o caso virar um processo, ele vai questionar essa história de nove depoimentos. É que Cid já estava no seu nono depoimento quando foi falar que Braga Netto é que teria financiado a primeira etapa do plano do golpe. Aff. Isso é que é memória seletiva.

Todos os ministros da Primeira Turma deixaram claro que o acordo de delação foi feito dentro das regras legais, mas todos fizeram questão de dizer que a delação é apenas um começo. Quando começa o processo penal para valer, a procuradoria vai precisar apresentar provas para além do blá blá blá do Mauro Cid.

O Xandão

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Xandão explicou e explicou e explicou que o acordo de delação do Mauro Cid foi fechado com a Polícia Federal e cabia à Justiça (no caso ele e o juiz de instrução) fazer verificações se ele tinha feito a delação de livre e espontânea vontade e de que não estava mentindo.

Xandão garantiu que decidiu ele mesmo ouvir Mauro Cid porque a polícia e o Ministério Público tinham pedido a prisão do delator (depois que vazou o áudio para a revista Veja em que ele dizia que tudo estava armado e que ele não queria ter dito nada).

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Todos os cinco ministros da turma mantiveram a delação de Mauro Cid, lembrando que se tiver mentiras vão descobrir na fase de processo penal.

Xandão disse que não eram velhinhas com Bíblias na mão passeando num dia de sol que foram presas por conta do 8 de Janeiro.

O xerife geral da República disse que só é julgado no plenário do Supremo quem é presidente em exercício e mesmo assim só depois da permissão de dois terços do Congresso, já que o presidente precisa ser afastado do cargo por seis meses. Ex-presidente não entra nessa.

Xandão garantiu que as milícias digitais precisam entender que eles não se abalaram até agora e não vão se abalar. Não importa se com milícias nacionais ou estrangeiras. Ui.

O Dino

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A melhor do dia veio do Dino. Ele questionou o argumento de que Mauro Cid teria sido coagido a delatar. Como assim um coronel de elite do Exército, com toda uma vida de preparo para defender a Pátria, de repente é intimidado pelo Xandão?

Os julgadores

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Imagem: Arte: TixaNews

Alexandre de Moraes, Xandão, o relator geral do golpe.

Carmen Lúcia, decana e pronta para julgar.

Luiz Fux, o único que fez uma pequena divergência e já sinalizou que a delação do Mauro Cid será discutida no processo penal.

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Flávio Dino, o homem das citações.

Cristiano Zanin, presidente da Turma, ex de Lula na Lava Jato.

O Bolsonaro

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Participou na primeira fileira do julgamento. Entrou mudo. Saiu calado.

Bora dormir que foi muita sustentação oral hoje, BRASEW!

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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