Donald Trump planeja declarar vitória prematura na noite da eleição dos EUA
Donald Trump planeja declarar vitória nas eleições presidenciais dos Estados Unidos na noite da próxima terça-feira, mesmo que o resultado final ainda dependa de milhões de votos não contabilizados em vários estados do país.
Segundo reportagem do site americano "Axios", o presidente tem conversado com pessoas próximas sobre seu plano de anunciar publicamente que venceu a eleição para depois contestar nos tribunais a contagem de votos enviados pelo correio.
Falando com repórteres no domingo à noite, Trump negou que tenha intenção de declarar vitória prematuramente. Mas deu pistas sobre sua estratégia para após o fim da votação. "Nós devemos saber o resultado da eleição na noite de 3 de novembro. É assim que tem sido, é assim que deveria ser".
Durante comício em Iowa, o presidente defendeu que a Suprema Corte de Justiça dos Estados Unidos obrigasse que todos os votos sejam contados no dia da eleição. "Eu acho que é terrível quando os estados podem contar votos por um longo período depois que a eleição acabou", afirmou o presidente.
Por semanas, o presidente e seus aliados vêm preparando o terreno para contestar os resultados da eleição em caso de derrota. Às vésperas da eleição, o argumento final da campanha de Trump é de que votos contados após o dia 3 de novembro são de alguma forma ilegítimos, não devem valer.
"Assim que a eleição acabar, nós vamos entrar com nossos advogados. Se as pessoas queriam votar, deveriam ter enviado seus votos muito antes", afirmou Trump, sugerindo irregularidades no processo eleitoral sem apresentar nenhuma evidência.
Mais de 90 milhões de americanos já votaram antecipadamente, um recorde histórico impulsionado pelo grande número de votos pelo correio devido à pandemia do coronavírus. Somente na Pensilvânia, um dos estados mais importantes na corrida pela Casa Branca, a expectativa é de um volume de votos pelo correio dez vezes maior do que em 2016.
E a lei eleitoral do estado proíbe que essa montanha de votos comece a ser contada antes do dia da eleição. "Vai demorar mais para contar", afirmou Kathy Boockvar, secretária de estado da Pensilvânia, à rede NBC. Além disso, alguns estados aceitam votos que chegarem pelo correio após a eleição, desde que tenham sido postados até o dia da votação.
"Eu quero deixar claro que os resultados das eleições nunca foram divulgados na mesma noite. É um processo longo e queremos ter certeza de que cada voto de cada eleitor válido seja contado", disse Boockvar.
Caso a disputa entre Trump e Biden esteja apertada, a definição do vencedor poderá demorar vários dias, mas a campanha do presidente alega que a demora aumenta chances de fraude.
"O presidente Trump estará na frente na noite da eleição, provavelmente com 280 votos no Colégio Eleitoral, nessa faixa. E então eles (democratas) vão tentar roubar depois da eleição", disse Jason Miller, assessor sênior da campanha.
A perspectiva de uma batalha jurídica pela presidência dos Estados Unidos traz lembranças amargas para os democratas. Em 2000, o resultado da eleição na Flórida foi parar na Suprema Corte, e a decisão do tribunal determinou a vitória do republicano George W. Bush sobre o então vice-presidente democrata Al Gore.
Em 2020, o estado "favorito" para ter sua eleição decidida na Justiça é a Pensilvânia. Com 20 votos no Colégio Eleitoral, o estado tem importância estratégica para ambos os candidatos no caminho para somar os 270 votos que levam à Casa Branca.
Na semana passada, a Suprema Corte manteve uma decisão de tribunais inferiores permitindo que a Pensilvânia aceite votos pelo correio por até três dias depois de 3 de novembro. Mas manteve aberta a possibilidade de rever o caso após a eleição, inclusive ordenando que esses votos "atrasados" sejam armazenados separadamente.
Trump venceu na Pensilvânia em 2016, mas Biden vem liderando as pesquisas de intenção de voto no estado. A expectativa é de que o presidente saia na frente na apuração, já que mais republicanos devem votar pessoalmente no dia da eleição. Mas o placar deve mudar à medida que os votos pelo correio, em maioria dos democratas, forem contabilizados nos dias seguintes.
"Não podemos ter um caso como a Pensilvânia, que tem um governador democrata, permitir votos entrando todo dia. Vamos ver se conseguimos encontrar mais 10 mil votos", disse Trump.
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