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Vicente Toledo

Três pistas que podem indicar o vencedor da eleição nos Estados Unidos

Brendan McDermid/Reuters;  Kevin Lamarque/Reuters
Imagem: Brendan McDermid/Reuters; Kevin Lamarque/Reuters

Colunista do UOL

03/11/2020 12h33

A disputa entre Donald Trump e Joe Biden pela Presidência dos Estados Unidos (EUA), no que talvez seja eleição mais aguardada da história, é o evento principal desta terça-feira no mundo. Mas o vencedor não deverá ser conhecido tão cedo. Por causa da pandemia do coronavírus, milhões de eleitores optaram por votar antecipadamente pelo correio, o que vai atrasar a apuração dos votos em muitos estados.

A expectativa de uma disputa acirrada nas urnas, e possivelmente nos tribunais, aumenta ainda mais a chance de demora na divulgação dos resultados. No entanto, mesmo se não apontar um vencedor, o dia da eleição fornecerá pistas importantes sobre o rumo da corrida à Casa Branca.

Mais de 97 milhões de eleitores já votaram pelo correio ou pessoalmente antes do dia da eleição. E a expectativa é de que o total de votos supere com folga o recorde histórico estabelecido em 2016, quando 139 milhões votaram.

Segundo pesquisa recente do jornal "The Washington Post" em parceria com a rede ABC, seis em cada dez eleitores de Joe Biden planejavam votar com antecedência ou pelo correio. Entre os que apoiam o presidente Donald Trump, seis em cada dez disseram que compareceriam às urnas no dia da eleição.

Por isso, as chances de Trump dependem diretamente do número de eleitores votando pessoalmente nesta terça-feira, já que Biden deve levar vantagem entre os quase 100 milhões de votos registrados com antecedência. Se o movimento nos locais de votação for baixo, o presidente dificilmente alcançará a reeleição.

A velocidade e a ordem em que os votos serão contabilizados

Somente 9 dos 50 estados esperam ter ao menos 98% dos votos apurados ao meio-dia do dia seguinte à eleição. Outros 22 estados, mais o distrito de Columbia, aceitam votos que chegarem pelo correio depois da eleição, desde que tenham sido postados até 3 de novembro.

Nova York e Alasca, por exemplo, não divulgarão contagem de votos pelo correio na noite da eleição. Autoridades eleitorais em Michigan e Pensilvânia, inundadas com volume recorde de votos pelo correio, já avisaram que resultados devem demorar vários dias.

Com isso, é grande a chance do próximo presidente dos Estados Unidos não ser conhecido na noite de terça-feira ou na madrugada de quarta-feira.

Além da velocidade, a ordem em que diferentes tipos de votos serão contabilizados também é importante, pois influencia drasticamente os placares parciais em diversos estados. E a expectativa é de que os candidatos se alternem na liderança à medida que a apuração avançar em diferentes regiões do país.

Democrata deve largar à frente no voto por correio

Os democratas são maioria entre os que votaram pelo correio, por isso Biden deve largar na frente em estados onde os votos antecipados serão divulgados mais cedo, como Arizona, Flórida e Carolina do Norte. O presidente deve reagir quando entrarem os votos presenciais.

Já estados que divulgam primeiro os resultados dos votos presenciais, como a Virgínia, devem mostrar resultados favoráveis ao presidente Trump na noite da eleição. Mas o placar pode virar para Biden à medida que os votos enviados pelo correio forem contados, certamente sob protestos e acusações de fraude por parte dos republicanos.

Para evitar essa gangorra, uma dica é acompanhar a apuração de votos por condado, que fornece um retrato mais preciso dos rumos da eleição em cada estado. A comparação o desempenho de Trump em cada condado em relação a 2016 pode revelar mais sobre a força do presidente na disputa.

Os resultados na Flórida e na Pensilvânia

Os dois estados estão entre os cinco maiores "prêmios" da eleição no Colégio Eleitoral. O vencedor na Flórida ganha 29 votos, enquanto a Pensilvânia garante 20 votos.

Se Biden vencer qualquer um dos dois, o caminho de Trump para os 270 votos fica muito mais difícil, se não impossível. Se Trump ganhar ambos, manterá suas chances de repetir 2016.

Trump venceu ambos em 2016 por menos de um ponto percentual. Desta vez, as pesquisas de opinião mostram Biden liderando na Pensilvânia (+5 pontos na média calculada pelo site "FiveThirtyEight") e uma disputa apertada na Flórida (Biden lidera por +2.3 pontos segundo o mesmo site).

O resultado na Flórida deve sair mais cedo, já que a lei estadual permite a apuração dos votos enviados pelo correio antes do dia da eleição. Além disso, o estado tem experiência em realizar eleições com voto pelo correio. Mas a disputa é sempre apertada na Flórida e pode não ser decidida até as últimas urnas.

Já na Pensilvânia o foco das atenções será o voto pelo correio. Autoridades eleitorais do estado calculam um total de votos pelo correio dez vezes maior do que em 2016 e alertam que a contagem vai demorar. A campanha do presidente Trump já indicou que pretende contestar na Justiça votos que cheguem pelo correio após o dia da eleição, preparando o terreno para uma tentativa de invalidar milhares de votos.