Wálter Maierovitch

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Opinião

Enquanto Putin mata inocentes, Trump alivia a barra

No Domingo de Ramos —comemorado festivamente pela tradição cristã como o ingresso triunfal de Cristo em Jerusalém— dois mísseis russos do modelo Iskander, disparados em curto intervalo de tempo, explodiram na cidade ucraniana de Sumy.

O alvo, segundo especialistas, era o centro urbano. Os mísseis mataram 35 civis ucranianos, incluindo crianças, que se dirigiam à igreja central para participar da missa festiva. Além disso, 119 pessoas ficaram feridas —todos civis inocentes, que não participavam da guerra em curso.

Até mesmo o enviado especial de Donald Trump, o general Keith Kellog, que está na Ucrânia em missão para costurar um cessar-fogo, afirmou, com base em sua experiência militar, que o alvo atingido foi intencionalmente escolhido.

O presidente Vladimir Putin, na prática, se aproveita do indisfarçável apoio de Donald Trump para intensificar os ataques.

A tática de Trump parece ser levar o presidente Volodymyr Zelensky ao desespero para, então, obter vantagens econômicas com a exploração dos recursos do subsolo ucraniano e, ao mesmo tempo, forçar uma paz em termos favoráveis a Putin.

Putin, por sua vez, se beneficia do fato de Trump estar mais focado em uma guerra comercial de tarifas, relegando o conflito ucraniano a segundo plano.

Por sorte, a apresentação teatral religiosa programada para as crianças estava marcada para uma hora depois do fim da missa. Assim, cerca de cem crianças envolvidas na encenação foram poupadas —estavam distantes da igreja cristã ortodoxa no momento do ataque com os dois mísseis.

No mesmo domingo, ataques aéreos russos atingiram o hospital lotado de Odessa e o centro habitado da cidade de Dnipro, no Donbass.

Em entrevista à emissora norte-americana CBS, Zelensky chamou Putin de "bastardo" e pediu que Trump visitasse a Ucrânia antes de firmar qualquer acordo, para que visse com os próprios olhos a dimensão da tragédia.

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Como de costume, o direito internacional é posto de lado —mais um crime de guerra e contra a humanidade, cometido por Putin, deverá ficar impune.

Mas desta vez há um agravante: Trump declarou que o ataque russo teria sido resultado de uma operação militar mal executada, ou seja, um erro. Em outras palavras, o massacre de inocentes teria sido "involuntário".

Com suas posturas erráticas, Trump acaba por incentivar o sanguinário Putin —e ainda antecipa as desculpas por ele.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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