Criminosos estão usando dados do Uber? É possível hackear o aplicativo?
Problemas com aplicativos de transporte são comuns e as redes sociais têm diversos relatos compartilhados, desde o cancelamento de uma viagem, deixando o usuário na mão, até episódios de abusos sexuais.
O difícil controle tem a ver com o tamanho do serviço. Com mais de 65 milhões de usuários no mundo, dos quais 17 milhões estão no Brasil, o Uber faz a intermediação de 10 milhões de viagens por dia, em média.
Mensagens que circulam pelo WhatsApp e pelo Facebook, compartilhadas por milhares de pessoas, relatam a solicitação de viagens que, segundo os textos, poderiam ter acabado mal.
Uma usuária chamada Lêda Malard conta que, após pedir a corrida pelo aplicativo em Belo Horizonte, foi abordada por um motorista diferente do que havia sido indicado pelo Uber, assim como outro modelo, cor e placa do carro.
Como ele a chamou pelo nome dela e sabia que ela tinha solicitado um carro, ela foi ao seu encontro. Só que, desconfiada, questionou o suposto motorista.
O post diz: "Perguntei o nome dele, e ele não respondeu e disse 'Já cancelaram sua corrida aqui' e partiu com o carro".
A usuária então entrou em contato com a motorista que havia aparecido na mensagem do Uber, que confirmou estar chegando ao local indicado para realizar o serviço.
Ao saber do incidente, a motorista comentou que seus colegas de aplicativo já haviam relatado casos semelhantes. A intenção dos bandidos é realizar um sequestro relâmpago com quem cai no golpe. Há uma desconfiança entre os funcionários de que o aplicativo esteja sendo hackeado. Segundo a Uber, "não há nenhuma evidência de que o aplicativo tenha sido hackeado" (leia mais abaixo).
O CASO É VERDADEIRO; UBER INVESTIGA
O UOL entrou em contato com a vítima, que é uma microempresária de Belo Horizonte. Ela confirmou ter redigido a mensagem e que o caso ocorreu em 6 de dezembro.
Sua intenção, segundo disse, era alertar sua família e amigos, mas a mensagem viralizou de uma forma inesperada para ela.
"Escrevi e mandei no grupo da família e para meus amigos e acho que eles foram repassando. Tive que fazer uma resposta padrão para enviar, pois tenho recebido dezenas de contatos de pessoas querendo saber o que aconteceu. Nunca imaginei que tomaria essa proporção", relata ela.
Lêda disse que a empresa entrou em contato com ela para pegar mais detalhes e disse estar investigando o caso.
Outro caso aconteceu em São Paulo
No Facebook, há outro relato no perfil de uma usuária que teria passado pela mesma situação de Lêda, porém na cidade de São Paulo.
Ela diz que, ao contar ao motorista verdadeiro o que tinha acontecido, ele teria dito que isso tem sido frequente que no intervalo de uma semana outras três passageiras teriam reportado o mesmo problema.
O que diz o Uber
Procurada pela reportagem, a empresa respondeu por meio de sua assessoria de imprensa que "a tecnologia da Uber agrega ferramentas importantes que ajudam a trazer segurança para os usuários, antes, durante e depois de cada viagem realizada por meio da plataforma".
O comunicado prossegue dizendo que "o acompanhamento da chegada do veículo pelo mapa, por exemplo, permite que o usuário aguarde por sua viagem fora da rua, em segurança".
"Já a privacidade dos dados pessoais é sempre respeitada. Tudo o que o motorista parceiro sabe sobre o usuário é seu primeiro nome e o local para encontrá-lo. O usuário também tem apenas as informações necessárias para identificar o motorista com quem vai viajar --ou seja, nome, foto, avaliação, cor do carro e placa do veículo."
É possível hackear um aplicativo, como o do Uber?
"Nada é seguro", afirma Sérgio Cardoso, especialista e professor de Segurança da Informação da UniCarioca.
Em dezembro, uma empresa de segurança divulgou que mais de 1,4 bilhão de logins de serviços como Netflix, LinkedIn e Minecraft vazaram na internet.
Porém, explica o professor, o mais provável nos casos relatados é que o telefone de uma das partes --usuária ou motorista-- esteja hackeado.
"Tudo pode ser hackeado, mas a Uber tem recursos [para tentar evitar isso]. Para que isso aconteça, é preciso um nível de sofisticação que dificilmente alguém ou um grupo mais comum teria."
Portanto, se a intenção do criminoso era praticar um sequestro relâmpago, o mais provável é que o celular da motorista da Uber tenha sido hackeado, diz o professor.
Outra possibilidade seria uma invasão dos servidores da Uber, de modo a ter acesso aos dados dos usuários registrados, diz Christopher Bray, gerente-geral de Consumer da Cylance, empresa de segurança digital.
"Hackers atuam como em qualquer outro negócio. Focam energias em atividades que ofereçam maior potencial de retorno. Hackear um aplicativo individualmente é muito menos lucrativo do que ter acesso a todos os apps de uma vez."
O professor Sérgio Cardoso explica existem programas espiões que permitem acesso à tela, às informações e aos dados registrados no aparelho.
Esse tipo de programa costuma ser instalado nos smartphones via acesso a links ou downloads de outros programas e geralmente os usuários não percebem.
Ele dá algumas dicas para minimizar esses riscos:
- mantenha o sistema operacional do aparelho sempre atualizado;
- não clique em links desconhecidos, principalmente que chegam via WhatsApp ou e-mail;
- desconfie de links que dizem "clique aqui", principalmente se oferecem algo em troca, como brindes, promoções ou produtos gratuitos;
- não instale aplicativos que não sejam das lojas oficiais, como Google Play ou Apple Store;
- instale um aplicativo de segurança que indique quando seus dados possam estar comprometidos;
- mantenha o bloqueio de tela ativado.
A Uber também recomenda que "os usuários aguardem ser chamados pelo motorista e sempre confirmem os dados de identificação para ter certeza de que estão embarcando no veículo correto".
"A empresa pede ainda que, caso observe qualquer divergência das informações sobre o motorista parceiro ou o veículo, o usuário não embarque no veículo e denuncie pela plataforma."
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