Marinha, ONGs e voluntários: como é feito o combate ao óleo nas praias
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) questionou o "silêncio das ONGs" em relação ao vazamento de óleo nas praias do Nordeste em sua conta no Twitter no dia 23 de outubro. Segundo ele, as instituições, supostamente ligadas à esquerda, não falam nada pois o óleo teria relação com a Venezuela de Nicolás Maduro.
O presidente não está sozinho. Diversas publicações nas redes sociais também cobram o envolvimento de ONGs na tragédia. "Vocês viram o mutirão das ONGs para limparem as praias do Nordeste? Não? Nem eu", diz uma publicação de 9 de outubro, compartilhada mais de 32 mil vezes no Facebook.
ONGs e voluntários têm ajudado na limpeza
Os questionamentos partem de uma premissa falsa. Desde aparecimento das manchas, no dia 30 de agosto, em Pernambuco, diferentes organizações não governamentais e voluntários têm ajudado tanto na retirada do óleo como no monitoramento da fauna marinha.
O UOL identificou uma série de organizações em diferentes estados que têm ajudado a encontrar animais prejudicados e focos de manchas.
Em todo o litoral nordestino, o Projeto Tamar, voltado à preservação das tartarugas, tem procurado proteger os ninhos e tentado impedir que manchas cheguem até eles.
No Ceará, a ONG Aquiris tem feito mutirões nas praias para procurar pela fauna atingida desde setembro. Eles até disponibilizaram um "telefone de resgate" com atendimento 24h para quem encontrar animais com problemas.
O Instituto Verdeluz também tem feito trabalho para monitorar tartarugas atingidas pelo óleo.
Em Alagoas, o Instituto Biota de Conservação também tem ajudado a encontrar animais prejudicados pelo óleo e acionam o Ibama. Na Bahia, a Pró Mar tem ajudado a monitorar os recifes de corais.
Voluntários também ajudam na retirada do óleo
Não é só na identificação de animais atingidos que as ONGs têm trabalhado.
Voluntários de todos os estados têm agido junto às forças públicas para ajudar a limpar as praias e retirar as manchas.
Enquanto a Marinha reporta, até o dia 22, um total de 1 mil toneladas retiradas, só os estados de Alagoas e Pernambuco registram, juntos, mais de 2 mil toneladas.
Isso ocorre por que as informações vêm de seus centros de recolhimentos de resíduos, em Pilar (AL) e Igarassu (PE), que contam o total recebido. Ou seja, vindo das forças oficiais e de voluntários e ONGs.
A ONG ambiental Greenpeace, alvo de críticas do ministro Ricardo Salles, é uma das atuantes.
Desde o surgimento das manchas, não tem apenas protestado contra ações do governo como ajudado no recolhimento do material em diferentes estados.
Governos estaduais do Nordeste têm relatado a ajuda de ONGs e voluntários no recolhimento dos materiais, como o IMA (Instituto do Meio Ambiente de Alagoas) e a Sema (Secretaria do Meio Ambiente da Bahia).
De acordo com a Semas (Secretaria do Meio Ambiente de Pernambuco), o material recolhido e armazenado em seu centro de tratamento de resíduos, o Ecoparque, é transformado em um "blend energético" que serve como combustível para caldeiras.
Forças públicas federais também operam nas praias
O poder público também tem agido para limpar as praias e identificar novas manchas. As operações do governo federal nas praias nordestinas são coordenadas pela Marinha.
De acordo com o órgão, já foram realizadas mais 1.200 inspeções navais desde o dia 2 de setembro, três dias após o aparecimento da primeira mancha.
Ao todo, a Marinha acionou mais de 2.700 militares, distribuídos em 16 navios, dois helicópteros, quatro aeronaves da FAB (Força Aérea Brasileira), 63 viaturas, dois Grupamentos de Fuzileiros Navais, 21 equipes de Inspeção Naval e cinco Centros de Comando das Operações.
O grupo organizado pela Marinha compreende, além da força naval, Polícia Federal, Ibama, ANP (Agência Nacional do Petróleo e Biocombustíveis), Petrobras e órgãos ambientais estaduais e municipais.
A assistência a fauna e flora atingidas tem sido feito pelo Ibama. "É o Ibama que dá direcionamento das ações de resposta à fauna, orienta sobre a destinação de resíduos e sobre a limpeza das praias, definindo prazos das ações de limpeza e quais os ambientes devem ser priorizados", explica o órgão ao UOL.
Em seu site é possível ver a atualização dos locais atingidos.
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