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Uma iniciativa do UOL para checagem e esclarecimento de fatos


Petra acerta ao comparar polícias do RJ e dos EUA e patina sobre Amazônia

Diego Bresani/Divulgação
Imagem: Diego Bresani/Divulgação

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

03/02/2020 16h28Atualizada em 05/02/2020 23h10

A cineasta e diretora do documentário "Democracia em Vertigem", indicado ao Oscar deste ano, chegou trending topics do Twitter no Brasil hoje com a hastag "#PetraCostaLiar" (Petra Costa mentirosa, em inglês).

Os internautas repercutiram a entrevista dada por ela à PBS (Public Broadcasting Service, rede de TV americana de caráter educativo-cultural).

Petra afirmou, entre outros pontos, que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) incentiva fazendeiros a invadir terras indígenas e a desmatar a Amazônia. Em outro momento, ela diz que a polícia do Rio matou mais do que todas as polícias nos Estados Unidos inteiro no ano passado.

O UOL pegou esses dois principais pontos citados pela diretora —e que repercutiram nas redes sociais— e conferiu se eles são mesmo mentira.

O [estado do] Rio tem mais pessoas mortas pela polícia do que em todo os Estados Unidos
Petra Costa

Os dados mostram que ela acertou. Somente em 2019, a polícia do Rio matou 1.810 pessoas, 18% a mais que em 2018 (quando foram 1.534 mortos), segundo dados do Instituto de Segurança Pública, responsável pela compilação dos dados do setor no estado. O número é quase o dobro dos Estados Unidos.

Segundo levantamento feito e divulgado pelo jornal norte-americano Washington Post, 970 pessoas foram mortas em 2019 pela polícia. O número é parecido com divulgado em 24 de dezembro de 2019 pelo portal Statista que apontou 897 pessoas mortas no ano passado até então.

Petra Costa em entrevista à PBS - Reprodução - Reprodução
Petra Costa em entrevista à PBS
Imagem: Reprodução

[Bolsonaro] incentiva fazendeiros a invadir terras indígenas e queimar a floresta Amazônica
Petra Costa

Bolsonaro nunca falou de forma clara que essas terras deveriam ser invadidas. Mas, ao longo dos últimos anos, ele tem dado declarações contrárias às reservas indígenas.

Em seu relatório anual, por exemplo, a ONG Human Rights Watch declarou que "o governo Bolsonaro deu carta branca a essas redes (de desmatamento ilegal da Amazônia) ao cortar recursos e minar o poder das agências ambientais".

Algumas declarações foram feitas antes da posse de Bolsonaro. Em novembro de 2018, por exemplo, ele disse que não iria mais demarcar terras indígenas no Brasil. Como se sabe, são nas terras indígenas e nas unidades de conservações são as mais preservadas e têm os menores índices de emissões ao ambiente.

Também antes de assumir, Bolsonaro afirmou existir uma indústria de multas ambientais e que as licenças ambientais atrapalhariam obras. O resultado é que, até 23 de agosto, o ano de 2019 registrava 29% menos multas ambientais, mesmo com os maiores índices de desmatamento e de queimadas em relação a 2018.

Em outras oportunidades, o presidente já empossado deu sinais claros de que queria avanços em produções em florestas, especialmente em terras indígenas.

Em agosto do ano passado, ele chegou a dizer que havia "muita terra para pouco índio" no Brasil, e que era preciso rever a política indigenista do país. Também em agosto, defendeu a legalização de garimpos em terras indígenas.

Em outra fala, em dezembro, Bolsonaro defendeu a plantação de cana e a criação de gado nas terras indígenas na Amazônia. A pecuária, ressalte-se, é o principal motivo para desmatamento da Amazônia, respondendo por mais da metade dos casos.

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