Crivella erra ao falar sobre metodologia de pesquisas e apoio do PSL
Na última segunda-feira (2), o prefeito do Rio de Janeiro e candidato à reeleição, Marcelo Crivella (Republicanos), fez uma live, na qual mostrou um vídeo de apoio gravado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Crivella cancelou a sua participação na sabatina da Folha, em parceria do UOL, que deveria ir ao ar naquele dia, preferindo usar suas redes sociais para defender sua candidatura.
Na transmissão, o prefeito criticou os institutos de pesquisa Datafolha e Ibope e também seus principais adversários na eleição. A Lupa checou algumas das declarações feitas por Crivella, confira:
Eles [Datafolha e Ibope] pegam 1 mil eleitores, 1 mil cidadãos. Dos 1 mil cidadãos eles colocam quase 400 com nível superior (...)
Marcelo Crivella, candidato à prefeitura do Rio de Janeiro e prefeito da cidade, em live nas redes sociais
Exagerado
Segundo o cálculo de Crivella, 40% dos eleitores entrevistados pelo Datafolha e Ibope teriam nível superior. Contudo, esse não é o percentual correto. Divulgada no final de outubro, a última pesquisa do Datafolha entrevistou 1.008 eleitores e destes 34% tinham nível superior. O perfil da amostra mostra ainda que 43% dos entrevistados tinham ensino médio completo e outros 23%, o ensino fundamental. O Ibope, por sua vez, entrevistou 1204 votantes e 37% tinham concluído o ensino superior, 42%, o ensino médio e 22%, o ensino fundamental.
Vale mencionar ainda que, segundo o Datafolha, entrevistados com ensino superior incompleto são contabilizados no levantamento como superior. Assim como ensino médio incompleto entra como médio. Ou seja, eles já estão incluídos nos percentuais citados anteriormente.
Procurado, o candidato não respondeu.
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(...) quando o IBGE recomenda, e o TSE determina que sejam 120 [12%] com curso superior [entrevistados nas pesquisas de intenção de voto]
Marcelo Crivella, candidato à prefeitura do Rio de Janeiro e prefeito da cidade, em live nas redes sociais
Falso
Segundo o Datafolha, embora não haja uma determinação por parte do TSE, a segmentação da pesquisa é feita com base na PnadC (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) de 2018. Segundo essa pesquisa, 32,7% da população do município do Rio de Janeiro têm ensino superior completo ou incompleto. Na pesquisa mais recente do instituto sobre a corrida eleitoral na cidade do Rio, 34% dos entrevistados tinham esse grau de escolaridade.
Em seu site, o Datafolha explica ainda que a seleção dos entrevistados é feita com base nas cotas proporcionais de sexo e idade de acordo com dados obtidos junto ao IBGE e ao Tribunal Superior Eleitoral. Como são feitas por amostragem, as pesquisas têm uma margem de erro, já que esse universo é sempre menor do que o existente. Contudo, esse percentual é relativamente pequeno. No Rio de Janeiro, a margem é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.
Já no caso do Ibope, segundo o instituto, a segmentação é feita com base em três fontes diferentes: o Censo 2010, a Pnad-C de 2018 e o TSE.
Procurado, o candidato não respondeu.
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O PSL aqui nos ataca muito. Inimigo jurado do meu governo, fazem críticas enormes (...)
Marcelo Crivella, candidato à prefeitura do Rio de Janeiro e prefeito da cidade, em live nas redes sociais
Verdadeiro
Os representantes do PSL, de fato, criticam a gestão de Marcelo Crivella na prefeitura. Em agosto, quando o partido ainda estava decidindo se lançaria candidatura própria, o presidente da sigla no Rio de Janeiro, o deputado estadual Alexandre Knoploch, disse que não iria fazer campanha para o prefeito "de jeito nenhum". Na época, ele afirmou que preferia apoiar o Cabo Daciolo e disse que Crivella era o "pior prefeito da história do Rio".
Já o candidato do PSL, Luiz Lima, critica abertamente Crivella em suas redes sociais. Esse posicionamento vem desde muito antes do período eleitoral. Em março, por exemplo, depois de uma forte chuva que abalou a cidade, Lima publicou em seu Facebook um vídeo comentando as ações do prefeito. "Hoje pela manhã, o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, deu uma declaração muito infeliz à imprensa, demonstrando toda sua insensibilidade e despreparo para cuidar do Rio de Janeiro", diz a legenda da gravação.
No Twitter oficial do candidato há comentários criticando Crivella em diversos episódios - desde os Guardiões do Crivella () até investigações envolvendo o nome do prefeito.
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(...) Mas [os representantes do PSL] não criticam o governo do Eduardo Paes
Marcelo Crivella, candidato à prefeitura do Rio de Janeiro e prefeito da cidade, em live nas redes sociais
Falso
O apoio do PSL à candidatura de Eduardo Paes foi descartado em setembro, e os representantes do partido, incluindo o candidato da sigla à prefeitura, Luiz Lima, criticam abertamente o ex-prefeito. No final de outubro, por exemplo, Lima publicou em seu Instagram um vídeo que supostamente mostraria "o que a propaganda eleitoral de Paes escondia". Ele criticou as obras do Parque Olímpico realizadas na gestão Paes em 2016 e apontou que o ex-prefeito era acusado pelo Ministério Público Federal de corrupção.
O presidente do PSL carioca, Alexandre Knoploch, também é crítico de Paes nas redes sociais. Em 2019, por exemplo, tuitou: "Quem defende o Crivella e para piorar elogia o Paes, é maluco ou é esquizofrênico".
Procurado, o candidato não respondeu.
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