Votação pela urna eletrônica não pode ser manipulada via internet
Não é verdade que a votação pela urna eletrônica possa ser manipulada via internet, como diz um vídeo divulgado pelo deputado Felipe Barros (PSL-PR) na sexta-feira (16) e que acumulou mais de 300 mil visualizações no Facebook em cerca de 24 horas. O vídeo mostra uma conversa do parlamentar com o hacker Marcos Roberto Correia da Silva, preso em Uberlândia (MG) em março pelo roubo de dados de 220 milhões de brasileiros e investigado por ataques ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) no ano passado.
Silva afirma, na gravação, ser possível adulterar a votação por meio de um sistema online: "A manipulação de voto na rede, geralmente, na hora da votação é desligada. Mas é automático que, quando vai contar o voto, ela já é sim ligada e conectada à internet. E se ela estiver em algum lugar e alguém estiver nessa rede, consegue fazer essa invasão e manipular a votação".
Ou seja: a "manipulação" citada pelo hacker ocorreria, em tese, no momento em que os votos são transmitidos para totalização (soma dos votos das diferentes seções eleitorais).
No entanto, as urnas não ficam ligadas à internet. Também por isso, elas não fazem a transmissão dos resultados da votação.
Os resultados ficam salvos em um pendrive criptografado, chamado "mídia de resultado", que é retirado da urna após o fim da votação. Esta mídia é criptografada e digitalmente assinada. A Justiça Eleitoral afirma que a transmissão desses dados é feita por meio de uma rede privada via satélite.
Uma eventual manipulação da transmissão e totalização dos votos poderia ser confrontada com os resultados de cada urna, que são impressos nas próprias seções eleitorais ao final da votação. Este documento é o boletim de urna, que fica disponível para consulta de partidos políticos.
"Portanto, mesmo na improvável hipótese de acesso indevido às redes da Justiça Eleitoral e violação de todas as diversas barreiras de segurança, não seria possível alterar os resultados da eleição impressos pela urna eletrônica", disse o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em nota enviada ao UOL.
O tribunal também disse que "os equipamentos nos quais são executadas as totalizações do país existem fisicamente no TSE, com acesso restrito."
O risco de a votação em si, na urna, ser fraudada é muito baixo, de acordo com o TSE. Mesmo se um hacker invadir uma urna e conseguir violar o software, a invasão só funcionará naquela urna específica, já que os equipamentos não são interligados, nem têm conexão externa (por internet ou bluetooth, por exemplo). As urnas contam com diversas camadas de segurança, como explicado nesta reportagem do UOL.
Ainda segundo o TSE, a invasão ao sistema, relatada pelo próprio Tribunal, não acarretou em "qualquer vazamento de informações de eleitores, mas apenas de informações administrativas".
Deputado pediu proteção especial ao hacker
Procurado pelo UOL, o deputado Filipe Barros afirmou que a conversa com o hacker ocorreu na última quinta-feira (15) no presídio Professor Jacy de Assis, em Uberlândia (MG) O parlamentar alega ter pedido autorização ao secretário de segurança pública de Minas Gerais para entrevistar Marcos Roberto Silva, além de ter avisado a Câmara dos Deputados.
Barros também disse ter pedido proteção especial ao hacker por considerar que a segurança dele está em risco.
"As pessoas estão com os ânimos muito acirrados, digamos, e ele participou efetivamente, segundo o que consta e o que ele próprio alega, da invasão ao sistema do TSE na eleição municipal. Considero que a segurança e a vida dele podem estar em risco. Portanto, pedi ao Ministro da Justiça e ao secretário de Segurança providências para que a vida, segurança e integridade do próprio preso sejam de fato mais...tenham mais cautela. Não fiz sugestão nenhuma [do que fazer]. Só pedi para que tomem providências pra vida e integridade dele serem preservadas."
No domingo (18), a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais disse que avaliará se são necessárias medidas específicas de proteção para "seguir resguardando a integridade física" de Marcos Roberto Correia da Silva.
O deputado Filipe Barros é relator e um dos defensores da PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que prevê a adoção do voto impresso. O texto, de autoria da deputada Bia Kicis (PSL-DF), defende que impressoras sejam acopladas às urnas eletrônicas para imprimir comprovantes de votação. A medida é defendida pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seus apoiadores.
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